ricardo alves cancro marco alpendorada
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Ricardo Alves tinha mais uma consulta de rotina agendada para o dia 9 de maio e a única coisa em que queria acreditar é que esta seria diferente das outras. “O meu objetivo quando fomos para a consulta era só um, sair do Hospital com as palavras na cabeça ‘alta médica concedida’”. 

Leucemia Linfoblástico Aguda, tipo B, foi o diagnóstico que Ricardo Alves, natural de Alpendorada, concelho do Marco de Canaveses, recebeu no ano de 2012 e que iria abrir um ciclo de luta contra o cancro no qual nunca estaria só. Depois de ter descoberto a doença, entrou na sua vida Daniela Vieira, a mulher que viria a tornar-se namorada e, mais tarde, esposa e que acompanhou-o ao longo dos anos. 

Feita a consulta, dez anos depois o casal pôde finalmente respirar de alívio e festejar a vitória. As palavras que queriam ouvir acabavam de soar da boca do Dr. Rui Bergantim. “Ele disse que tinha alta médica e que passado dez anos podia fazer a minha vida à vontade e sem qualquer problema”. O dia 9 de maio de 2023 ficou marcado pelo encerrar do ciclo. 

As lágrimas de “alegria” começaram a escorrer pelo rosto de Ricardo e Daniela porque sabiam que “uma etapa muito complicada tinha passado e que iríamos ter mais força para continuar a viver juntos”. 

Durante alguns minutos, Ricardo reviveu num turbilhão de emoções tudo o que tinha passado ao longo dos anos. “Foi complicado durante algum tempo digerir tanta informação, foi esquisito, mas ao mesmo tempo muito bom”, partilha. 

ricardo alves cancro 2

Ricardo Alves viveu os primeiros cinco anos da doença de forma “intensa. Tive meio ano num quarto isolado, quando saí pela primeira vez já sabia que ia voltar para mais um isolamento. Da segunda vez, já tive de regressar todos os dias para fazer quimioterapia pelo cateter central. Passado essa fase continuei os tratamento com comprimidos e comecei a fazer consultas mensais até completar os cinco anos. A partir daí foram de meio em meio ano”. Após passar os cinco anos mais “perigosos”, Ricardo conta que “nunca se alterou nada, sempre mantive os cuidados e uma boa saúde”. 

Apesar de ter sido acompanhado por várias pessoas preocupadas com o seu bem estar ao longo dos anos. Ricardo Alves agradece a cada um e destaca o papel do Dr. Rui Bergantim na sua vida. “É um ser humano incrível que levarei comigo até ao último dia. Não foi só um médico, mas também um amigo, mantivemos sempre um contacto próximo e ajudou-me em tudo”. 

A outras pessoas, independentemente da doença, Ricardo Alves aconselha a “não olharem para trás, nem verem informação na internet, porque cada caso é um caso. Também é preciso mantermos o nosso psicológico saudável para estarmos focados em nós e em quem nos rodeia”.

Por fim, mas não menos importante, Ricardo deixa uma mensagem à pessoa que esteve ao seu lado em cada etapa, a esposa Daniela. “Tinha que escrever um livro para explicar o quanto ela foi e é importante para mim e para a minha doença. Esteve sempre disposta a lutar por mim e por ela, mesmo nas alturas em que eu não aguentava mais”. Não retirando o mérito aos médicos, Ricardo afirma que ela foi “a minha cura”. 

Por sua vez, Daniela acrescenta que “só fui uma espetadora nesta luta tão difícil e longa, mas já diz o clichê ‘grandes lutas só são dadas a grandes guerreiros’ e ficou tudo bem. O Ricardo é uma força da natureza incrível, devíamos todos conseguir ter a força dele. Desejo que todos tenham uma recuperação mais digna possível”. 

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Em setembro de 2022, Ricardo Alves e Daniela Vieira partilharam com o Jornal A VERDADE que “por incrível e até estranho que pareça foi o cancro que nos uniu”. União esta que permaneceu ao longo de dez anos e que os levou a viverem um dos dias “mais felizes das suas vidas”. De momento, o casal vive desejoso de construir um lar e aumentar a família. 

Conheça melhor a história de amor de Ricardo e Daniela 

Leucemia Linfoblástica Aguda, tipo B, foi o “palavrão enorme” que recebeu. “Parecia um camião a passar na minha cabeça. Depois de uns dias acabei por ir visitá-lo ao hospital. Não dá para explicar o quão longo parecia aquele corredor até ao quarto número dez. Paralisia, bloqueio completo, apenas senti isso. Lá estava o Ricardo, com um sorriso à minha espera e assim percebi que eu não estava a sofrer porque a minha paixoneta estava a acabar, eu estava a sofrer porque o meu grande amor estava a sofrer também”, relembra Daniela.