O Rancho Regional de Paredes é um dos grupos da região que mantem vivas muitas das tradições musicais portuguesas e tal é o caso do cantar das janeiras, um momento de “festa e convívio” que o rancho “orgulha-se” de manter.
O presidente do rancho, Vítor Rambalhão, faz parte do rancho há 38 anos e diz com confiança que “já celebramos esta tradição há muitos anos, até mesmo antes de ser presidente e já o sou há 12 anos”.
O cantar de porta em porta “era uma maneira de manter viva a tradição e enquanto o grupo de folclore fazia uma agregação de fundos, porque os grupos de folclore precisam sempre de apoio da população para continuar”, explica o presidente.
Contudo, Vítor Rambalhão realça “que antigamente as janeiras só eram cantadas numa única noite na noite de passagem de ano. Recordo-me de ser jovem e ir cantar a casa dos amigos e eles punham-nos sempre um salpicão, um vinho do Porto, essas coisas”. No fundo, acrescenta o responsável do rancho, “as janeiras festejavam a entrada do ano novo e a partir daí surgiu a tradição de hoje, em que prolongamos o cantar mais bocadinho e agora batemos à porta de estranhos e tudo”.
A tradição continua e a população já se habituou a este percorrer das ruas do concelho a cantar às portas: “temos amigos que todos os anos já contam connosco à porta de casa e alguns até dizem para serem a última casa da noite para nos receberem com alguma coisa na mesa”, conta Vítor Rambalhão.
Os grupo de folclore não esconde o “orgulho de manter viva esta tradição e hoje em dia não somos os únicos, agora já se vê outros grupos a cantar as janeiras, como por exemplo as comissões de festas”.
E apesar da comunidade se manter “receptiva” a abrir a porta aos cantores no mês de janeiro a verdade é que os próprios grupos já sentem alguma dificuldade a dinamizar este tipo de atividades. “Estamos no inverno, por isso não temos tantas pessoas para andar a cantar, temos um grupo muito reduzido. Mas tínhamos noites em que tínhamos de fazer dois grupos e ia um para cada lado para alcançarmos o maior número de pessoas”, relembra Vítor Rambalhão.
Dar continuidade a estes grupos está cada vez mais “difícil” e em Paredes o rancho “ainda tem alguns jovens mas em geral todos os grupos a nível nacional estão com dificuldades em atrair jovens, neste momento”, revela.
O presidente do rancho admite: “não sei o porquê dos jovens não aderirem a esta tradição. É um problema que não será fácil de resolver. Vamos tendo sempre alguns, mas é muito difícil cativar os jovens para fazerem parte de uma associação como o grupo de folclore”.
E é neste sentido de ajudar a divulgar e a manter vivo os esforços deste grupos que o Município de Paredes organiza o ‘Encontro de Janeiras’, um evento que juntou várias associações do concelho para celebrar as tradições de música regionais e nacionais.
“Participamos no ‘Encontro das janeiras’ e vimos ali uma dezena ou duas de pessoas, ou mais se calhar vemos de longe a longe e estamos ali todos um bocado a fazer aquilo que gostamos, porque no fundo é isso que interessa, fazer aquilo que gostamos e não deixar cair as tradições”, reforça Vítor Rambalhão.
O ‘Encontro de Janeiras” é um “evento muito importante da câmara municipal e sem dúvida nenhuma, acho que deve ser mantido é de louvar a dinamização deste evento”, conclui o presidente do Rancho Regional de Paredes.
