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Rafael Monteiro refugiou-se no "sonho" da música para fugir ao bullying

Redação

Fotografia: Sic

Em diferentes contextos e fases da vida, a música esteve sempre presente na vida de Rafael Monteiro. Nascido numa família "muito ligada" a esta arte, o jovem natural de Ancede (Baião) foi inspirado por todos aqueles que lhe são mais próximos e nele incutiram o "sonho" da música.

As recordações são várias e há sempre "coisas novas" que vai descobrindo. "Do meu avô paterno descobri, este dias, umas fotografias dele em Moçambique, na guerra, com um cavaquinho. Lembro-me, também, de quando entrei para o infantário e alguém me deu um rádio. Levei-o para a escola e, desde aí, foi uma cantaria", recorda o jovem baionense.

Rafael Monteiro não tem dúvidas de que "tudo culminava para que este sonho acontecesse. O meu avô (materno) incitava-me muito a cantar. Os outros também, mas aquele era com quem eu vivia. Até os vizinhos e o pessoal dos cafés adoravam ouvir-me cantar músicas do Quim Barreiros e outras do género, sempre com asneiras".

Em casa "era sempre uma animação" e nunca faltavam as cassetes oferecidas pelo avô. "Ele comprava-me cassetes da Irene Passos, uma artista do Minho de cantadores ao desafio", conta.

Para além dos "passeios da escola" onde era "chamado para ir cantar no microfone do autocarro", o jovem baionense fazia-se ouvir, também, quando "subia ao palco com uns tios que tinham uma banda. Era sempre em festas da aldeia e onde eu tinha o sonho de poder fazer aquilo que gostava".

O sonho desvaneceu com a morte dos bisavós, mas apesar do momento "duro e difícil" Rafael Monteiro nunca perdeu "a paixão. Naquela altura deixei de cantar. Depois percebi que não podia desistir e fui participando em concursos de talentos e fui a vários castings de um programa televisivo. Num deles fiquei nos 50 melhores".

"O meu apoio sempre foi a música"

Por detrás daquele jovem que perseguia o sonho dos palcos, escondia-se um testemunho de bullying vivido na escola durante "vários anos. Não jogava futebol, não fazia o que era 'normal' na sociedade. Infelizmente, isso acontece muito nas escolas, quando não fazes aquilo que todas as crianças fazem".

Passou por situações de violências "graves e duras. Tenho uma má relação com a escola por tudo aquilo que passei lá, desde agressões, em educação física urinavam para a minha roupa, escondiam e molhavam-na, batiam-me ... hoje sou uma voz ativa contra o bullying", garante Rafael.

A viver momentos de violência "constantes", o jovem músico encontrou o apoio "que precisava" na família e na música. "Encontrei na música um refúgio, foi sempre o meu apoio. Eu estava sempre à espera que chegassem as férias de verão para andar na estrada e longe da escola", confessa.

Rafael Monteiro cumpriu "sonho de menino" e cantou ao lado de Tony Carreira

Em 2011, o jovem - agora com 25 anos - teve a oportunidade de cantar com o artista português Rogério Charraz, no Porto, uma canção que o fazia lembrar "o avô". Mais tarde, esteve ao lado de outro cantor, que hoje "admira muito": Tony Carreira. "Inspiro-me muito nele, tenho hoje uma amizade com ele, mas na altura era apenas um miúdo que era fã dele. Eu disse-lhe que o meu sonho de menino era cantar com ele. Não tinha de o fazer, não deixava de ser um miúdo com 14 anos que numa fila e autógrafos lhe disse aquilo ... convidou-me logo para ir cantar com ele", recorda.

Rafael Monteiro subiu ao palco com Tony Carreira em 2015 (Não te vás sem mim) e em 2016 (Sonhos de menino). "Desde então temos mantido contacto e gosto muito dele".

Tudo o que sabe hoje "foi de ouvido e de ver na internet" e o que conseguiu fruto "de trabalho. Disse sempre que o que fizesse na música era por minha própria dedicação e trabalho. Como nessa altura queria pagar o single de estreia - "Já não dá" - fui trabalhar nas obras com um primo meu. Estou a gravar mais e a preparar um disco para sair este ou no próximo ano".

Atualmente, o jovem de Baião integra a Tuna da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Ao produtor que o acompanha deixa um agradecimento "especial. Foi a única pessoa que me disse vamos à luta".

Dedicado à música romântica popular, Rafael Monteiro ambiciona "conseguir, um dia, viver exclusivamente da música. Quero fazer bons concertos, boas músicas e andar por esse país fora".