"Feliz" com a carreira traçada até ao momento, Rafa Soares não esquece as origens marcoenses e o clube que o viu "nascer" enquanto jogador. Uma ligação que mantém mesmo a alguns quilómetros de distância.
Em entrevista ao Jornal A VERDADE, recorda como começou a paixão pelo futebol, descreve uma carreira que conta com passagens por vários clubes e países e conta-nos como é estar longe das pessoas que lhe são mais próximas.
Como surgiu a paixão pelo futebol?
Acho que a paixão já nasceu comigo (risos). Falando mais a sério, acredito que tenha começado no infantário. Quase todas as memórias que tenho dessa altura resumem-se aos intervalos a jogar futebol e a brincar com os amigos. Lembro-me dos primeiros treinos pelo FC Alpendorada, no antigo campo das Capelas, e a felicidade era imensa. A memória mais marcante que tenho é aquela em que um dia estava dentro do centro comercial de Alpendorada e olhei para o estádio novo do clube, lá em baixo e pensei: "quem me dera jogar ali um dia". Tudo começou no FC Alpendorada.

Conta com uma carreira com passagens por vários clubes e países. Como a descreve?
Estou feliz com a minha carreira até ao momento. Como sou ambicioso acredito que podia ter sido melhor caso não tivesse um percalço uns dias antes da minha ida para o Fulham. Lesionei-me devido a uma pancada que sofri no treino durante a pré-época no FC Porto. Já cheguei a Inglaterra lesionado e tive três meses de recuperação. Quando recuperei, foi muito difícil entrar na equipa ("o comboio já ia longe") e tive de regressar a Portugal para voltar a jogar e sentir-me bem. Foi um ano que "perdi" numa altura crucial da carreira. Acredito que sem esse percalço as coisas pudessem ter sido diferentes, para melhor. Mesmo assim, tem sido uma carreira positiva e estou contente.
Como surgiu a oportunidade de ir jogar para o PAOK, na Grécia?
Estava no último ano de contrato com o Vitória SC e a fazer uma boa época desportiva. Como não se conseguiu chegar a um acordo de renovação benéfico para as duas partes, fiquei livre para assinar com outro clube. Visto que o PAOK já me tinha tentado comprar antes de ir para Espanha, voltou a fazer uma proposta que eu não podia recusar. Está a ser uma época muito positiva, estamos na luta pelos dois títulos possíveis na Grécia. Tenho jogado regularmente, com boas exibições.

As suas bases de futebol foram criadas em Alpendorada. Continua a acompanhar o clube da sua terra?
Claro que sim, sempre. Até porque o meu primo, André Moreira, é o capitão. Gostaria muito que o FC Alpendorada solidificasse a sua posição no Campeonato de Portugal para, num futuro próximo, conseguir subir de divisão uma vez mais, ou duas, ou três… O clube merece por toda a sua história e, além disso, traria mais dinâmica ao próprio concelho do Marco de Canaveses.
Ir para outro país implica estar longe das pessoas mais próximas. Como se pode encurtar esta distância?
Estar longe da família e dos amigos é, sem dúvida, o ponto mais negativo. Há momentos em que não é nada fácil. A distância encurta-se com todas as tecnologias da atualidade, vídeo-chamadas, redes sociais, mensagens. E claro, temos umas visitas pontuais da família de vez em quando que sabem muito bem. Outras vezes, vamos nós a Portugal.

Qual a importância de ter ao seu lado a sua namorada? Como a descreve?
É fundamental. É sem dúvida a coisa mais importante ter a presença da Helena na minha vida para um melhor desempenho no meu trabalho. Completa-me a todos os níveis, quer desportivos quer pessoais. É uma pessoa fantástica, humilde, inteligente, determinada e ao mesmo tempo amorosa e gentil. É responsável por uma grande parte do meu sucesso.
Atualmente, o defesa de 27 anos encontra-se a defender as cores do PAOK, na Liga Grega, e ao seu lado tem a namorada. Conheça Helena Pinheiro, a "responsável" por grande parte do sucesso de Rafa Soares.
A Helena Pinheiro decidiu desde o primeiro momento que ia acompanhar o namorado?
Eu e o Rafa estamos juntos há muitos anos. Para nós, estarmos um com o outro diariamente é muito importante. Achamos que só assim faz sentido. E por sorte, quando o Rafa saiu pela primeira vez de Portugal coincidiu com o final do meu curso universitário, então decidimos viver juntos a partir daí.

Acompanha sempre o Rafa nas mudanças profissionais. Como é a adaptação, tendo em conta que já passou por vários países?
Os países em que vivemos (Inglaterra, Espanha e agora Grécia) foram de fácil adaptação. Muito graças a outros jogadores portugueses que nos ajudaram nos primeiros tempos. O resto depois vai fluindo, com alguns desafios. Mas foram sempre boas experiências no geral.
O que deixou para trás com a tomada desta decisão?
Momentos com família e amigos, datas especiais e algumas celebrações ficaram por ser vividas, como o Natal, Páscoa e aniversários. Além disso, sinto falta dos meus gatos.

Ficou algum sonho para realizar? Qual?
Ficou para trás uma parte muito importante para mim, a progressão na carreira como farmacêutica. Mas ainda vou a tempo de realizar muitos sonhos.
Como descreve o Rafa?
O Rafa é muito calmo, organizado, determinado e focado. É muito profissional diariamente, mas também tem uma forte veia de explorador, tanto de locais como gastronomia e cultura.
Todos querem saber como é viver ao lado de um jogador. Como é o seu dia a dia?
O meu dia a dia vai dependendo de onde vivemos. Neste momento, durante a semana vou ao ginásio, faço yoga e padel. Estou a tirar um mestrado em Ciências da Cosmética online. Aqui na Grécia temos um bom relacionamento com outros jogadores e famílias do clube, sendo que fazemos muitos planos juntos, que também nos ocupam bastante tempo.

Com que frequência costumam vir a Portugal?
A maior desvantagem de estar aqui (Salónica, Grécia) é o tempo de voo para Portugal ser muito longo. Para o Rafa é complicado conciliar as idas com os jogos e treinos, por ano vai três ou quatro vezes a Portugal. Eu costumo ir mais algumas, cinco a seis vezes por ano.
Querem deixar uma mensagem aos marcoenses?
Temos muito orgulho na nossa terra e estamos sempre a par das novidades. Preservem e continuem a desenvolver todas as qualidades da nossa região.