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Portugal "está sempre" no coração de emigrante de Lousada

Foi rumo a uma morada "desconhecida" que Paulo Sousa partiu de Portugal para a Suíça, país que o acolhe há 17 anos.

Redação

Foi rumo a uma morada "desconhecida" que Paulo Sousa partiu de Portugal para a Suíça, país que o acolhe há 17 anos.

Natural de Lousada, o emigrante de 52 anos, recorda a primeira vez naquele país, "onde não conhecia ninguém" e um "equívoco de comunicação", que o levou a uma morada "errada. Falei com um colega que, na altura, passou a palavra. Ele compreendeu que me tinham arranjado trabalho e mandou-me arrancar o mais rápido possível. Conclusão: cheguei sem conhecer ninguém e apenas com um endereço", recorda em entrevista ao Jornal A VERDADE.

O que Paulo Sousa não esperava era o que viria a perceber mais tarde: "fui ter à morada indicada, mas essa era errada", revela. Apesar do engano, o emigrante relembra a "sorte de ter encontrado duas pessoas idosas com bom coração", que lhe ofereceram café e dormida "caso não conseguisse entrar em contacto com ninguém, até resolver a minha vida".

Mais tarde, "tudo se resolveu" e uma semana depois, o emigrante conseguiu "arranjar trabalho".

Paulo Sousa com a esposa, La Salete, e o filho, José Paulo

Paulo Sousa confessa que emigrar "não estava nos planos naquela altura, mas as coisas acontecem naturalmente". Antes de ir para a Suíça, o emigrante tinha uma empresa de restauro de pintura em Portugal, mas a "falta de pagamento" fê-lo perder "muito dinheiro. Para não perder o património que estava a construir, a única solução foi emigrar".

"A primeira vez vim de autocarro e estive cerca de mês e meio sozinho. Depois consegui trabalho para a esposa e fui a Portugal buscá-la e viemos os dois de carro", conta.

O objetivo inicial seria ficar "uns quatro ou cinco anos", mas 17 passaram e Paulo Sousa e a família continuam a viver na Suíça. "A qualidade de vida é diferente de Portugal. Acabei por ficar porque, anos mais tarde, consegui arranjar trabalho na área de restauro de pintura, o que tinha feito em Portugal".

O início foi complicado e era uma realidade "diferente" daquela que existe hoje. Para Paulo Sousa, "a vida de emigrante é diferente. No início, estive um ano numa fábrica de embalagens de legumes e tivemos a sorte de levar muita coisa grátis para casa, que ajudava muito financeiramente. Hoje, estamos melhor, mas pagamos muito de imposto".

A comunicação foi outro dos "obstáculos iniciais. Era mais difícil, porque estando longe e sem os meios que existem hoje, havia mais ansiedade. O carinho que podemos transmitir nas redes sociais na altura não era possível. Havia muitas saudades e tudo se acumulava. Quando chegávamos a Portugal, só faltava beijar o chão", recorda alegremente.

Ser emigrante aproximou-o de Portugal, porque estando longe das raízes "sente-se mais vontade de aí estar". Mas a grande "paixão" de Paulo Sousa é mesmo a sua vila natal, Lousada. "Todos os emigrantes gostam da vila, mas eu acho que devo ser dos que mais adoram e que tem Lousada mesmo no coração. Aliás, em 2021 fui o primeiro emigrante a concorrer a concorrer a uma câmara em Portugal", conta.

Uma "paixão" que o traz ao nosso país "pelo menos três vezes por ano. Nas férias podíamos ir para outros lugares, mas preferimos ir aos sítios que conhecemos desde pequenos. Em duas semanas é uma loucura, mas dá para matar as saudades e carregar o carro para trazer outra vez de novo para cá".

Mesmo não estando em Portugal, Paulo Sousa vive o país como qualquer português e mantém a ligação ao país acompanhando o que por cá se vai passando. "Por vezes sei a notícia mais rápido do que pessoas que estão em Lousada. De manhã, antes de ir para o trabalho ouço as notícias através das rádios portuguesas e vou acompanhando as notícias do dia a dia".

Portugal "está sempre" no coração do emigrante de Lousada que, embora sinta "saudades da gastronomia portuguesa", não irá regressar brevemente "por causa do filho" de 16 anos, que se encontra a estudar.

Para Paulo Sousa o "mais importante na vida é viver um dia de cada vez e com orgulho de ajudar quem merece".