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João Diogo Santos é o piloto de Amarante que conquistou a Taça de Portugal de Montanha, em 2019, e sagrou-se vice-campeão nacional de montanha, na categoria 1300, em 2023.

Foi em 2017 que entrou pela primeira vez numa competição, “por um convite que surgiu na altura. (…) Não foi nada planeado, nunca tinha tido o objetivo de fazer aquela prova”, contou ao jornal A VERDADE. Mas o interesse pelo automobilismo surgiu há muito mais tempo. João Diogo começou a acompanhar os ralis do pai quando ainda não era nascido.

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Quem sai aos seus não degenera

Recorda-se de ter cinco ou seis anos e ir ver o Rally de Portugal à Serra da Aboboreira ou a Carvalho de Rei, em Amarante. O automobilismo tem “uma raiz muito forte nos nossos concelhos, na nossa região. (…) Portanto, é daquelas coisas que nos incutem logo, desde muito pequenos”, afirma João Diogo.

Para além disso, o pai, João dos Santos, foi também piloto, tendo participado “nos campeonatos nacionais de ralis, iniciados, consagrados, fez algumas provas de montanha também, em Portugal e em Espanha. Quando o meu pai começou a correr, em 1988, a minha mãe já estava grávida de mim. Portanto, de alguma forma já acompanhei algumas provas dele ainda no ventre dela”, disse em tom de brincadeira.

O automobilismo esteve, portanto, sempre presente na vida do amarantino e acabou por ter influência “nalgumas escolhas que fui realizando ao longo da vida”, não tendo sido “por acaso” que escolheu a área de engenharia mecânica. Para além disso, “acho que todos nós que gostamos temos sempre o sonho e a ambição de sermos pilotos”

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“Numa primeira fase aceitei e depois aderi”

A primeira oportunidade surgiu em 2017, quando foi convidado para partilhar o carro numa prova de resistência, em Braga, e “correu-nos muitíssimo bem! Foi uma coisa que surgiu, não foi nada planeado, nunca tinha tido o objetivo de fazer aquela prova”.

Recorda que “sempre ambicionei ter uma carreira no desporto automóvel, isso sem dúvida, até mais nos ralis”, porque “foi isso sempre que eu gostei de ver e que ambicionava um dia fazer”. No entanto, hoje compete na modalidade de montanha, uma decisão tomada de forma racional.

João Diogo Santos explicou que a participação em ralis exige um investimento “absolutamente proibitivo, para um retorno que não existe”. De acordo com o piloto, apenas os “pilotos da frente” conseguem um retorno do investimento. “Os Armindos Araújos, os Josés Pedro Fontes, os Ricardos Teodósios. Esses têm, porque têm estruturas de milhões com eles. Marcas oficiais, equipas oficiais, patrocínios… É outro nível de milhares de milhares de euros”, valores que considera “absolutamente estratosféricos”.

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Chegou à conclusão que “de facto, a montanha tinha um rácio custo-benefício muito interessante” e “numa primeira fase aceitei e depois aderi”, contou. “Comecei a fazer rampas e comecei a desfrutar muitíssimo daquilo também. Porque são percursos pequenos, muito exigentes e técnicos, mas onde temos que andar completamente a fundo e arriscar mesmo a sério”.

Quanto aos ralis, diz continuar a “adorar”, mas “simplesmente acho que a fórmula não está correta” e que “os ralis precisam de ser reinventados”, um tema que já defendeu perante a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK).

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“É fundamental ter uma equipa”

Para além de ser um desporto muito caro, é necessária uma logística que antecede a prova, que passa por inscrições, licenças e transporte do carro. As provas são individuais e dependem do piloto, mas “sem uma grande logística à nossa volta, sem pessoas que nos ajudem, que nos transportem o carro, sem os mecânicos – neste caso, o meu pai que é quase um coordenador logístico desportivo que me ajuda muitíssimo-, sem essa equipa é completamente impossível!”, declara.

Para o Amarantino, ser piloto envolve muitos fatores e “às vezes, é preciso estar no sítio certo, ter alguma sorte, ser bem apoiado, ser bem aconselhado”, revelou.

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João Diogo Santos é engenheiro mecânico e está ligado à gestão de projetos, que o obrigam a viajar “pela Europa fora”. As corridas são um hobby que ocupa muito do seu tempo livre e “aí entra a equipa”, sobretudo o seu pai. O piloto sublinha que “é fundamental ter uma equipa. Eu prezo muito isso, ter pessoas comigo que se alinham com os meus valores e a minha forma de estar. Isso é fundamental. E acabamos por ser uma família, de alguma forma. São muitas horas juntos”.

Aos 35 anos, João Diogo Santos já participou em mais de 30 provas, “mas quando é feito com gosto e com dedicação, com aquela paixão que também temos, aí eu acho que tudo se torna mais fácil”.