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Hoje em dia, a forma como as pessoas se relacionam é muito baseada no digital. As mensagens passaram a ser uma nova forma de comunicação e as redes sociais tornaram-se um ponto de encontro de casais. Mas nem sempre o que existe online corresponde à realidade. Esta terça-feira, dia 8 de fevereiro, assinala-se o Dia da Internet Mais Segura e o Jornal A VERDADE dá a conhecer a história de uma jovem que criou uma ligação com um perfil falso.

Aos 17 anos, “Maria” costumava usar a rede social Twitter e, certo dia, recebeu uma mensagem de um perfil de um rapaz “bonito” de, supostamente, 22 anos. Não respondeu logo, mas, após uma segunda mensagem, começou uma conversa casual entre os dois sobre um tweet que “Maria” tinha publicado. “Quando começamos a trocar mensagens, parecia-me a pessoa mais normal que há”, afirma.

“Pedro” dizia ser “um estudante de Artes que estava desempregado, que jogava basquetebol nos Salesianos do Porto e vivia com o pai, de quem não era muito próximo”.

A ligação entre “Maria” e “Pedro” foi crescendo ao longo de sete meses, ao ponto de falarem todos os dias sobre os mais variados temas. Ao longo de horas e horas de conversa, “Pedro” chegou a contar que a sua mãe tinha falecido de cancro e enviou perfis reais de outras pessoas, afirmando que eram os seus amigos. Já as fotografias que “Pedro” partilhava eram retiradas de um perfil público de Instagram de um jovem francês. 

“Maria” começou a desconfiar que algo não estava correto quando tentou, pela terceira vez, encontrar-se com “Pedro” e ele arranjou, mais uma vez, uma desculpa de última hora. Foi aí que surgiu a dúvida e a jovem decidiu começar a pesquisar aprofundadamente tudo sobre o perfil com quem falava. “Vi que algo não estava bem, o que nunca tinha pensado antes porque tudo o que dizia parecia sincero e realista. Decidi enviar mensagem aos amigos dele para saber o que se estava a passar e eles disseram todos que não faziam ideia de quem ele era”, conclui.

A dúvida mantinha-se e “Maria” tinha que solucioná-la. Continuou a sua pesquisa e conseguiu chegar até ao número de telemóvel e e-mail que tinha sido usado para registar aquele perfil e que nada tinham a ver com o nome do rapaz, mas sim de uma colega da escola. Ao guardar o número no seu telemóvel, verificou que a fotografia que aparecia na conta de WhatsApp era dessa rapariga. Foi nesta altura que tudo fez sentido: as fotografias sozinho e sem amigos que conhecia, a falta de disponibilidade para se encontrarem, entre outros ‘pontos sem nó’ que foram ficando.

“Nunca me senti tão enganada na minha vida! Não sei como é possível ir tão longe com uma mentira”, confessa a jovem penafidelense que tentou confrontar a rapariga e acabou bloqueada nas redes sociais, o que confirmou todas as suas suspeitas.

Semanas mais tarde, “Pedro” desbloqueou “Maria” nas redes sociais e ambas decidiram que chegara a altura de falarem pessoalmente. A indignação de “Maria” foi desaparecendo à medida que a conversa foi correndo e que a colega se ia desculpando. “Pedro” admitiu que tinha criado uma conta falsa, pois tinha vergonha de se aproximar de “Maria”.

O perdão aconteceu e também surgiu o amor. Com o avançar do tempo, a relação criada anteriormente passou para a realidade e as duas colegas namoraram durante cerca de um ano, continuando amigas atualmente.

Este caso é mais conhecido por “catfish”, um fenómeno que designa a criação de uma identidade virtual falsa de modo a manipular outras pessoas. No caso de “Maria” e “Pedro” a história acabou bem, mas nem sempre isso acontece e a probabilidade de acontecer algo ainda mais grave é muito elevada. 

Esta terça-feira assinala-se a 19.ª edição do Dia da Internet Segura e, segundo o Centro Internet Segura, o objetivo é promover a utilização segura da internet por todas as pessoas, desde os mais novos aos mais velhos. 

Poderá denunciar conteúdos ilegais na Internet de forma anónima ou identificada através do link.

Texto redigido com o apoio de Sofia Gomes, aluna estagiária da Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro