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Um jogador do Lusitano Clube de Retorta, em Penafiel, tem sido alvo de racismo durante os jogos por parte dos adeptos na bancada e de jogadores adversários.

Eduardo Moreira, treinador do Lusitano Clube de Retorta, explica, em conversa com o Jornal A VERDADE, que os comportamentos “começaram esta época, desde o primeiro jogo” e acrescenta que “somos uma equipa de jovens, onde eles praticam desporto para se entreterem um bocado e, infelizmente, deve haver pessoas por trás deste clube que não gostam do símbolo e estão a tentar deitar as coisas abaixo”.

As agressões verbais têm surgido por parte dos adeptos nas bancadas e jogadores de outros clubes, o treinador e jogador em questão mostram-se indignados com a falta de ação por parte dos árbitros que têm “ignorado as situações”. Eduardo Moreira volta a destacar que “não estamos para ouvir este tipo de coisas, nós estamos ali para nos divertirmos, não é para andar em guerras com ninguém”.

O Jornal A VERDADE esteve também à conversa com o jogador que refere ter sido vítima de racismo “no primeiro jogo depois de marcar o primeiro golo. Antes do golo tudo estava em silêncio, mas depois começou o barulho”.

“Preto” e “macaco” são os insultos que têm sido dirigidos a si e a mais dois colegas de cor negra, uma situação que tem sido “recorrente”, garante o treinador. Ao longo de 32 anos de vida é a primeira vez que o jogador passa por situações de racismo.

Apesar das agressões verbais, afirma que “já jogava na minha terra” e que é uma “paixão” que pretende manter e, por isso, não vai desistir. “Sei que nem todos os portugueses são assim, cada um tem a sua mentalidade, mas eu opto por ignorar, ser superior”, afirma.

Para além disso, menciona o clube e os seus colegas de campo que diz serem um dos motivos para continuar dentro de campo e acrescenta que na zona onde vive ou em contexto de trabalho “sente-se bem acolhido pelos portugueses. Tenho amigos que me apoiam e sinto respeito”.

O Lusitano Clube de Retorta em Penafiel tem sido uma “segunda família” para o jogador que afirma ser uma forma de “socializar e integrar-se em Portugal”. O mesmo sentimento é partilhado pelo treinador e pela equipa: “foi acolhido como um irmão, ele é a nossa família”.

Para terminar, o jogador deixa uma mensagem aos seus compatriotas: “Nem todos os portugueses são arrogantes e ignorantes, se fosse assim não iam permitir que nós entrássemos no país. Nós não podemos ir abaixo, a autoestima tem que estar sempre em cima”.

No seguimento dos ataques verbais, o clube pretende apresentar queixa à Associação de Futebol Amador do concelho de Penafiel.

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Foto de capa do Facebook do Lusitano Clube de Retorta em Penafiel