logo-a-verdade.svg
Notícias
Leitura: 0 min

Pedro Luís: "Reanimei centenas de pessoas e é reconfortante, meses depois, receber um abraço"

Redação

No mundo da enfermagem, Pedro Luís vive o "sonho" de puder ajudar os outros ao mesmo tempo que recebe, todos os dias, lições de vida. Durante o percurso profissional tem tido a oportunidade de trabalhar na emergência do Hospital, fazer viatura médica e, ainda, dar formação. Os três cargos que têm deixado Pedro Luís "profissionalmente realizado".

"Tive o sonho de ser enfermeiro para fazer exatamente aquilo que faça hoje, eu neste momento sinto-me uma pessoa profissionalmente realizada", começa por dizer ao Jornal A VERDADE o enfermeiro de 39 anos do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa.  

Diariamente Pedro Luís, natural de Penafiel, afirma que retira "lições de vida das pessoas que ajuda, pessoas com vidas muito difíceis e que na adversidade da doença conseguem nos dar coisas muito boas, dar-nos fé e esperança". 

Dentro da sua área profissional o "mais reconfortante" é receber "um abraço por ter trazido tecnicamente alguém de novo à vida. Já reanimei centenas de pessoas e há poucos sentimentos mais fortes do que um ou dois meses depois as pessoas virem dar um abraço e agradecerem". 

Pedro Luís divide o seu tempo, sobretudo, entre a urgência do CHTS e a viatura médica de emergência e reanimação, em áreas que descreve como "ligadas ao imprevisto e à doença súbita" e perante esse cenário garante que é necessário "desenvolvimento pessoal para darmos resposta a essas situações". 

"Adrenalina" é outra palavra de ordem na vida de Pedro Luís, apesar de afirmar que está "sempre presente", acrescenta que com o passar dos anos "conseguimos fazer com que ela jogue a nosso favor para nos deixar mais alerta e mais preparado para situações muito imprevisíveis e que necessitam de respostas muito rápidas e de pessoas muito preparadas".

Pedro Luís partilha ainda que costuma dizer que "não podem haver bons profissionais sem antes sermos boas pessoas" e para que assim seja afirma que "ganhei isso através da educação que os meus pais me deram. Foram um pilar importante para me transmitir esta importância de ajudar o próximo". 

"A minha dedicação foi e será sempre máxima com aquele serviço"

Pedro Luís acredita que a sua "paixão e entusiasmo" pela enfermagem foi notada e levou-o a ser coordenador-adjunto da VMER na área da enfermagem. "Esta oportunidade foi me dada pelo chefe de serviço de urgência, enfermeiro Renato Barros, e prometo que a minha dedicação sempre foi máxima e será sempre máxima para com aquele serviço".

Neste serviço algo que também o fascina é atenderem uma só pessoa, o que significa que "aquela vítima naquele momento precisa realmente de nós. Nós podemos salvar a vida daquelas pessoas e não há nada mais entusiasmante para quem gosta de emergência do que isso. É termos a noção de que podemos fazer a diferença naquele minuto", explica. 

"Ela passou de um azul quase pedra para um rosa vivo e começou a chorar" 

Devolver a vida a uma criança de nove meses foi "um dos momentos mais marcantes" da vida profissional de Pedro Luís. "A criança estava engasgada com uma carica, recebemos a chamada um minuto antes da entrada na autoestrada, o que faria com que a distância fosse maior". À chegada a criança encontrava-se perto de uma paragem cardiorrespiratória, a equipa de enfermagem acabou por conseguir retirar a tampa e o bebé de nove meses passou "de um azul quase pedra para um rosa vivo e começou a chorar. Posso dizer que vieram as lágrimas a toda a gente. Foi um dos momentos mais marcantes na minha vida profissional enquanto enfermeiro na viatura médica", recorda-

Por fim, frisa que "é um dos serviços mais importantes que o país tem e em termos de emergência estamos ao nível do melhor que se faz no mundo, porque não é fácil termos um médico e um enfermeiro com uma capacidade de cuidados intensivos à porta do doente, é uma mais valia que o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem e deveria ser dado o valor que ele merece". 

"Queremos ter formação de suporte básico de vida certificada INEM no programa escolar através do projeto 'Somos Um'"

Pedro Luís foi desafiado pelo colega Jorge Brandão, também ele enfermeiro, a ingressar num projeto que pretende dar "formação maciça na escolas de suporte básico de vida". Perante um cenário de "baixa literacia em saúde", o enfermeiro explica que através do projeto "Somos Um" pretendemos chegar a todo o território nacional para dar "formação com certificação INEM aos alunos do 11.º ano da região do Tâmega e Sousa".

Até à data, 363 estudantes receberam a certificação e o objetivo passa por incluir esta formação no programa escolar e, assim, resolver "um problema de base em relação ao Suporte Básico de Vida, não só nesta região, mas em todo o território nacional".

A este projeto juntou-se, a convite dos enfermeiros, Filipe Serralva, diretor médico e uma das referências a nível nacional em emergência, que acabou por "abraçar o projeto. Sabíamos que ele seria uma mais valia em termos humanos e técnicos no projeto e ele como meu melhor amigo aceitou". 

https://averdade.com/projeto-somos-um-da-anesc-quer-dotar-portugueses-de-capacidades-de-suporte-basico-de-vida/