Em 2022 os Caminhos de Santiago de Compostela portugueses receberam 123.800 peregrinos. Este ano, pela primeira vez, Paulo Loureiro Silva decidiu realizar, aos 31 anos, este percurso por Portugal.
“Foi algo que sempre quis fazer”, começa por dizer Paulo Silva, natural do Marco de Canaveses. Motivado pelo gosto por caminhadas e pela natureza, o marcoense decidiu desafiar-se a percorrer quase 150 quilómetros em seis dias. “Nunca tinha feito tantos quilómetros seguidos, em vários dias, sozinho”, partilha.
Foi de mochila às costas, com quase dez quilos em cima dos ombros, que Paulo Silva iniciou o seu percurso uns quilómetros antes de Valença, num sítio chamado São Pedro da Torre, com o objetivo de conhecer e vivenciar o Caminho de Santiago Português.
O percurso previsto consistia em cerca de 120 quilómetros, mas Paulo Loureira Silva acabou por realizar perto de 150 quilómetros fruto da sua curiosidade. “Como fiz um ou outro desvio, para ver pontos de interesse perto do Caminho (como as cascatas de Barosa, antes de Caldas de Reis, por exemplo), e também andei para trás e para a frente em alguns sítios a fazer filmagens acabei por fazer mais passos”. Fora os quilómetros que realizou para “andar pelas cidade onde parava”.
Ainda antes de amanhecer, Paulo Silva já se encontrava a pé e de mochila às costas para começar mais um dia. O objetivo era chegar o “mais rapidamente possível ao próximo sítio, para ter onde dormir. Os albergues públicos do Caminho, não deixam fazer reservas, então os primeiros a chegar, são os primeiros a “serem servidos”. Em algumas das etapas, já não havia sequer hosteis privados disponíveis. Estava tudo reservado”, explica.
Por coincidência era também semana Santa o que tornou a tarefa “ainda mais difícil. Depois do 3.º dia, reservei tudo antecipadamente, e aí já podia acordar um pouco mais tarde, e caminhar um pouco mais devagar. Sem dúvida que aproveitei mais a partir daí”. Depois de chegar ao sítio onde iria pernoitar já restava tempo para tomar um banho e visitar o local.
Embora as bolhas nos pés que “foram estorvando ao longo dos dias” ou os ombros “doridos” provocados pela mochila de quase dez quilos, Paulo Silva confessa que mesmo assim “não foi um caminho difícil. Aliás, o momento mais difícil foi encarar que a aventura tinha chegado ao fim e que era necessário parar para regressar ao quotidiano”, partilha.
Apesar de ter iniciado o percurso sozinho, Paulo conta que “cheguei a Santiago com imensos amigos novos”, acrescentando que foram as “pessoas e histórias” que tornaram este percurso mais do que somente uma caminhada. “Sem dúvida que aquilo que mais ficou, foram as pessoas. Pessoas incríveis, com histórias incríveis. Dou o exemplo de um senhor, que conhecemos já em Santiago, depois de ter tido um acidente disseram-lhe que nunca mais iria andar. A verdade é que àquela data já tinha feito mais de 115 mil quilómetros a pé”.
A partilha de experiências ao longo dos seis dias com outros peregrinos acabaram por ser os momentos mais marcantes desta nova aventura e, por isso, Paulo Silva deixou “um especial obrigado aos que se foram juntando “a mim” ao longo do caminho, e que chegaram comigo a Santiago, pois fizeram da viagem muito mais do que uma caminhada”.
Apesar de ter sido a primeira vez, Paulo Silva espera que seja “a primeira de muitas” e pretende explorar outros Caminhos de Santiago, mas também conhecer novos sítios e trilhos.
Assista aos seis dias de Paulo Loureira Silva pelos Caminhos de Santiago
