Esta sexta-feira, 19 de maio, assinala-se o Dia Mundial do Médico de Família e o Jornal A VERDADE traz-lhe o testemunho de Paula Panplona, médica de família na Unidade de Saúde Familiar Miguel Arcanjo, em Rebordosa, Paredes.
Desde 2013, que trabalha nesta unidade de saúde e em entrevista ao Jornal A VERDADE conta que sempre a cativou "uma área que abordasse a pessoa como um todo e não apenas uma especialidade em específico". Uma abordagem que encontrou na medicina familiar, uma área em que "também é possível trabalhar na área da prevenção".
Paula Panplona mostra-se fascinada pela área em que trabalha, que lhe permite "acompanhar os doentes ao longo dos vários ciclos de vida, perceber a dinâmica familiar, a integração psicossocial do doente. Tudo isso, torna o nosso trabalho mais desafiante e interessante", garante.
Ser médica de família é, diz-lhe a experiência de alguns anos, "ser um apoio que a pessoa tem nas várias fases de vida. Às vezes somos quase um membros da família, porque acabam por vir partilhar os problemas, mesmo ao nível da dinâmica familiar. E, essas relações, são muito importantes".

Foram já muitos os doentes que passaram pelo gabinete desta médica, mas há histórias e pessoas que a marcaram particularmente. "Tive uma utente que me disse: 'a doutora vive na minha barriga'. É engraçado ver que esses bebés depois crescem, evoluem e nós vamos acompanhando o ciclo".
Recorda ainda uma utente, "que já faleceu. Lembro-me que ia ao hospital e depois vinha ter comigo para me mostrar as receitas. Não tomava nada enquanto eu não validasse o que o médico do hospital prescreveu. Essa confiança médico/doente também é interessante, porque há uma relação mais humana e cúmplice".
Mas há, também, a parte mais difícil da profissão, "quando as pessoas adoecem. Não vemos os doentes como um número, por isso acabamos por ter mais um bocadinho mais de ligação e sofremos um bocadinho mais".
Paula Panplona não tem dúvidas de que "ser médico de família é fazer parte da vida de outras famílias. Às vezes até levamos para casa um bocadinho o peso de algumas situações, que apesar de não serem nossas, nos tocam. De uma forma carinhosa, acabam por ser um bocadinho nossos", garante.
A médica de família termina com uma mensagem de "agradecimento pelo apoio e empenho dos colegas. Por vezes, esta profissão não é fácil, porque lidamos com pessoas muito diferentes, é muito desafiante, os meios não são os melhores, o trabalho é muito e é preciso alguma resiliência para manter a vontade de continuar".
O agradecimento é, também, estendido aos utentes que, "no geral reconhecem o nosso trabalho, em pequenos gestos, e dão-nos um feedback que faz com que nos sintamos bem e que fazemos a diferença. Sentir que fazemos a diferença na vida de uma pessoa já é o suficiente para nos recompensar", conclui.