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A emigração é um fenómeno muito comum em Portugal e é, por isso, frequente conhecer alguém que esteja fora do país, seja em busca de mais oportunidades de trabalho, melhor remuneração ou condições de vida em geral. 

É uma mudança que requer muita força de vontade e altera completamente a vida de uma pessoa, principalmente em tempos de pandemia, como podemos perceber na história de Albina Rodrigues, uma emigrante portuguesa, a viver em Marselha, França, desde abril de 2018.

A penafidelense de 46 anos, mãe de duas filhas, decidiu aceitar uma proposta de trabalho como empregada de limpeza na cidade onde se encontrava o marido, depois de “muitos problemas económicos e preocupações com o futuro das suas filhas”, que decidiu ir para um país que lhe trouxe “toda a estabilidade” que sempre procurou.

Albina admite que, na sua chegada, foi “muito bem recebida” e mesmo não sabendo a língua, “todos quiseram ajudar, usando até o tradutor a toda a hora”. No entanto, confessa que sentiu alguma dificuldade, porque “o ambiente era outro”. “Não era a minha casa, não tinha a minha família e os meus animais.” “Tratar de burocracias era muito complicado porque não consegui perceber nada da papelada, foi um dos meus patrões que sempre me apoiou muito”, recorda.

Com a chegada da COVID-19, no início de 2020, a emigrante sentiu ainda mais alterações, nomeadamente nas suas viagens para Portugal, para conseguir estar com os seus entes queridos, e nos isolamentos que teve de fazer. A nível profissional conta que “viu casos de amigas, da área da limpeza também, que perderam patrões, alguns já velhinhos, porque faleceram, vítimas da COVID-19”. Mas a pior altura foi “nos inícios da pandemia, na altura na páscoa, em abril de 2020, porque não consegui vir a Portugal por causa do isolamento, perdi o meu aniversário em casa e a páscoa.”

Albina Rodrigues esteve de dezembro de 2019 a agosto de 2020 sem conseguir vir de férias para Portugal e quando as filhas tentaram visitá-la, “a viagem foi cancelada” e ficou “muito tempo sem as ver”,concluiu. Contornando todas essas dificuldades, a internet “ajudou muito e foi uma das principais ajudas” que teve estando a viver longe.

Apesar de achar que teria passado melhor o isolamento na sua casa, em Portugal, Albina considera que, em França, “foram mais eficazes a ajudar as pessoas do que em Portugal”, porque “disponibilizaram sempre testes PCR grátis em qualquer zona de Marselha e foram muito mais rápidos na administração da vacina”. Para além disso, em França “as pessoas foram asseguradas com todos os cuidados, desde o primeiro momento”. Atualmente, consegue fazer o seu dia-a-dia “muito mais descansada”, afirmando que “já não se usa a máscara em público” e vê todas as pessoas na rua, “tal como antes da COVID-19”.

Desde dia 2 de fevereiro que em França deixou de ser obrigatório o teletrabalho, acabaram as limitações à lotação de locais públicos e deixou de ser obrigatório usar máscara no exterior. Segundo dados do Alto Comissário para as Migrações, Portugal é hoje o país da União Europeia com mais emigrantes em proporção da população residente, sendo França o país com mais população portuguesa.

Texto redigido com o apoio de Sofia Gomes, aluna estagiária da Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro