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“Palmirinha” é o nome carinhoso pelo qual é chamada Palmira Fonseca Firmino, uma senhora de 89 anos, residente em Baião, que é conhecida na sociedade pela vida ligada à ação social e à ajuda aos mais desfavorecidos que levou e mantém até aos dias de hoje.

Quando era jovem, viajou até Leiria para tirar o curso “Agente de Educação Familiar e Rural” que lhe deu as bases para o trabalho que viria a desenvolver na sua comunidade. Quando regressou à sua terra natal começou por ser monitora num curso ligado à natureza, curso este que lhe permitiu conhecer bem a região e os seus problemas e, ainda, estar envolvida com a natureza e a população ao longo de dois anos.

Palmira Firmino descreve a sua vida como “livre e independente”. Por opção própria, nunca casou e não tem filhos, partilhando, entre risos, que “não ficava descansada enquanto eles não me largassem”. Acabando por colocar o seu foco em várias causas sociais.

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Com um sentimento de orgulho, “Palmirinha” afirma que conduz desde 1961 e que só deixou aos 86 anos. “Eu trouxe o carro para o lar. Ainda o conduzi quase um ano“. Depois de ter sido analisada por médicos teve que se despedir do seu transporte, quando regressou ao lar disse “eu já chorei tudo o que tinha para chorar pelo meu carro, já me despedi dele com muitas lágrimas, mas depois de tantas consultas e exames podem levá-lo”, conta.

Enquanto conversa com o Jornal A VERDADE, vai recordando alguns momentos da sua vida, ente eles, relembra com especial entusiasmo os dez anos que dedicou às colónias de férias destinadas às crianças de Baião, sobretudo, às do interior “que não tinham tantas oportunidades”.

“Adorei, adorei… adorei!” é a palavra que Palmira Fonseca repete quando pensa nas crianças da aldeia a quem “conseguiu proporcionar experiências que elas nunca tinham vivido”. Ao longo de vários anos, aproveitou as férias do trabalho “para se dedicar aos outros”. No fundo, parar não era uma opção.

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Foto: Município de Baião

Livro “Um Pingo de Solda”, de Palmira Fonseca Firmino

Aos 89 anos continua a participar nas atividades do concelho, vai cuidando, por vontade própria, do jardim do lar onde se encontra e, recentemente, lançou um livro para continuar a ajudar o Salão Paroquial.

Uma ida à casa da amiga “Fatinha” foi o primeiro passo para a criação do livro. “Ia a casa de uma amiga em Baião, que me disse agora que vais para o lar, porque é que não escreves as tuas memórias e não revertes esse dinheiro para as obras do Salão Paroquial”. Uma forma de Palmira Fonseca continuar perto da comunidade.

Assim, começou por escrever “livremente”, depois comprou um computador e impressora mas que acabou por usar “pouco” , já que António Mota, escritor e sobrinho da “Palmirinha”, decidiu ajudá-la e lançou a primeira versão do livro “com argolas e mais simples”, descreve a tia. No entanto, com esta primeira edição o valor que Palmira Firmino recebia e revertia para a paróquia era “muito baixo”.

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O livro biográfico “Um Pingo de Solda” acabou por renascer após uma reunião dos vicentinos e de Ivone Pereira, presidente das conferências vicentinas de Baião, ter incentivado a criadora do livro a dar um novo rumo aos textos que tinha escrito.

Assim, “Palmirinha” lançou o livro e, por enquanto, continua a viver no lar pelo qual optou há quatro anos. Apesar de ser uma mulher independente, a certa altura sentiu que “precisava que alguém a ajudasse”.

Ao olhar para o rosto de Palmira Firmino é possível sentir energia e a mesma paixão pelas pessoas e pela natureza que a caracterizou desde jovem. Sem grandes complicações a nível de saúde, a “Palmirinha” garante que “não para”. Em qualquer paróquia ou instituição, normalmente, é reconhecida e descrita como uma pessoa “simples, humilde e de grande interesse”.

A ambição de fazer “coisas úteis, estar ocupada e envolver-se junto da comunidade e natureza” permanecem junto da baionense. A chegar ao fim da conversa, “Palmirinha” deixa uma mensagem as novas gerações: “Vale a pena lutar até ao fim e não pensar se será bem sucedida ou não, não esperar recompensa de nada mas, vale a pena dar-se a qualquer coisa que seja para o bem da sociedade. Sem medo de arriscar”.

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Foto: Município de Baião
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