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A 18 de janeiro, Dia Internacional do Riso, o Jornal A VERDADE traz-lhe a história de Eva Ribeiro que se apaixonou pela arte de ser palhaça aos 15 anos. Após ter-se envolvido de corpo e alma nesta área criou diversos projetos e desenvolveu um “trabalho terapêutico” junto de idosos e crianças.  

Ainda em criança começou a nascer “um fascínio especial pelas artes performativas e pelo circo” dentro de Eva, foi aos 15 anos que começou “a espreitar como isto se fazia” e, de forma instantânea, percebeu que era uma área que a “apaixonava”.

De forma a ficar mais perto do seu sonho, começou por participar em formações de circo e teatro de rua e, mais tarde, lançou alguns espetáculos, acrescentando ao seu caminho profissional a dança e performance, já que o corpo e o trabalho de movimento é o que “mais interessa” a Eva Ribeiro.  

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A arte do palhaço foi o ponto-chave no seu percurso profissional. “Ser palhaça vai para além do circo e do teatro, trabalha para questões de socialização, intervenção comunitária, na relação com as emoções e questões humanas”, afima.

“Palhaços Visitadores” é o projeto fundado por Eva Ribeira que surge num contexto pedagógico. Desta forma, explica que a ideia “nasceu com o intuito de chegar a lugares onde se sente o isolamento, sobretudo, a nível institucional. O foco é nas pessoas que estão em centros de dia, nomeadamente, que têm demência e alzheimer”.

Acrescentando que os palhaços “fazem visitas como se fossem familiares e desta forma conseguem estimular cognitivamente as pessoas”. Para além disso, Eva Ribeiro tem se debruçado sobre questões relacionadas com a igualde de género e, neste caso, com o movimento UPP – União Palhaças em Portugal, várias mulheres palhaças uniram-se para reivindicarem mudanças na profissão.

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Foto: Susana Chicó

O projeto Mulheres Palhaças, que conta com mais de 50 mulheres palhaças espalhadas por Portugal, nasce de uma necessidade de “profissionalizar este trabalho e reivindicar mais visibilidade para as mulheres que trabalham com estas linguagens”. Assim, Eva considera que a profissão está numa “área cinzenta” e que é necessário quebrar o estereótipo de que ser palhaço/a pertence ao “mundo masculino”.

No que toca aos preconceitos associados ao mundo dos palhaços, Eva Ribeiro relembra também que “no nosso género de comédia há falta de conhecimento e somos menosprezados e associados ao circo, político ou bêbado”.

No entanto, destaca que é uma “área extremamente difícil, que nem todos dominam e que é necessário estudar muito” e que, por vezes, “não permite às pessoas conseguir vencer e fazer carreira a tempo inteiro”.

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Apesar das dificuldades, Eva Ribeiro não ficou por Portugal e tem viajado com os seus diversos alter egos para várias partes do mundo com o objetivo de ensinar a arte de ser palhaça e os valores associados.

Há seis anos, Eva Ribeiro passou pela maternidade o que a levou a criar projetos na área da parentalidade e, atualmente, reconhece que “ajuda a fomentar o vínculo”. Assim, a mãe partilha que a filha “já é parte do projeto.É uma criança que está sempre pronta para brincar”.

Ao longo de mais de 20 anos, foram muitas as crianças e idosos que marcaram a vida de Eva Ribeiro. No entanto, o Senhor João é o primeiro nome que surge. “É um idoso que mora numa instituição nos cuidados intensivos. Ele não falava, não fazia nenhum som, simplesmente olhava de forma distante, mas aos poucos começou-se a rir”. Ao fim de algumas visitas, o Senhor João disse “as primeiras palavras pela primeira vez, nunca tinha falado desde que entrou para a instituição”, recorda Eva Ribeiro em conversa com o Jornal A VERDADE.

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Assim, Eva Ribeiro tem nas mãos um “sentimento de responsabilidade, porque é um projeto de intervenção terapêutica através da arte”, mas acredita que aos 38 anos já conseguiu “acordar corações e mentes adormecidas” através de uma “arte sanadora”.

Termina por dizer que acredita que a profissão dos palhaços pode “aproximar e curar pessoas”, num momento em que a sociedade está “no limbo e cada vez com mais depressões e problemas mentais”.

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