A 13 de julho de 2014, Paulo Godinho foi ordenado sacerdote na Catedral do Porto, pelo Bispo D. António Francisco dos Santos. O mesmo ano em que iniciou a prática da modalidade de futsal, sobretudo, para "descontrair, descomprimir e encontrar energias para a vida de todos os dias", revela em declarações ao Jornal A VERDADE.
Procurar o "equilíbrio do dia a dia é sempre bom" e, no caso do pároco de Boim, Cristelos, Pias e Silvares (Lousada) é feito entre a igreja e o desporto. "Na minha vida enquanto padre, dando sempre prioridade à vida Pastoral e Paroquial, mas nunca escondi o gosto enorme que tenho pelo desporto. No seminário encontrava sempre no meio dos afazeres académicos, tempo para um jogo de futebol com muita regularidade", recorda.
Um gosto que se tornou mais 'sério' quando integrou um grupo de padres da Diocese do Porto, que todas as quartas-feiras convive também dentro da 'Quadra'".
E que, agora, ganha outra dimensão com a primeira experiência na Selecção Nacional do Clero Português. Todos os anos participa no campeonato interno, em Portugal, e que em 2019 foi organizado pela Diocese do Porto, em Lousada. Como nos explica é um evento que serve para "construir pontes" entre as nossas dioceses e é uma "rampa de lançamento para os desafios lançados aos sacerdotes para integrarem os treinos para a selecção Nacional".
Em resposta ao desafio, o Padre Paulo Godinho conta que, "sobretudo este último ano", decidiu "fazer a experiência e aos domingos lá nos encontrávamos para os treinos. Ir em busca de experiências novas nunca é mau", sublinha.
A experiência não foi mais do que uma 'ponte' para o pároco integrar o grupo de 14 convocados para representar a seleção portuguesa. "Para minha alegria, o meu nome constava na lista para levar a igreja portuguesa até terras da Europa, mais concretamente à Roménia. Portanto, é a primeira vez que me lanço nesta aventura na busca do melhor resultado possível".
Feliz com a participação, o pároco contraria a "estranheza" de associar a vida de um sacerdote à prática desportiva. "Ao longo do tempo, essa estranheza vai sendo dissipada pois começa a ser muito normal falar destas coisas".
E "ainda bem", diz o pároco, porque "ser Padre é ser do mundo e é estar no mundo. Desta realidade nunca nos podemos distanciar. E é isso que procuro testemunhar com a minha vida também. Evangelizar também o posso fazer quando eu (padre) vou ao encontro do outro nos mais diversos e diferentes ambientes e, por vezes, o desporto tem essa capacidade e oferece essa possibilidade".
Para o sacerdote, "ser Padre passa pela oração, pela vida pastoral e espiritual", mas passa também por "estar onde os outros estão, esse é também o meu lugar".
Em Lousada, mais concretamente nas comunidades de Boim, Cristelos, Pias e Silvares, "já não é estranho associar a vida do sacerdote à prática desportiva. E eu até diria também que em Lousada, terra de muito desporto, desenvolvi ainda mais este gosto e esta vontade de fazer do desporto uma constante na vida".
O Campeonato da Europa do Clero tem início esta segunda-feira, 13 de fevereiro, e a expetativas são claras, "sermos campeões. Temos a vontade de conquistar para a nossa selecção mais um título europeu. Vamos com tudo, queremos trazer a vitória se possível, mas também a bagagem carregada de boas experiências e de bons momentos de partilha e de fraternidade sacerdotal".
A prova, criada em 2003 e denominada como Clerigus Cup, realiza-se entre 13 e 17 de fevereiro na Roménia e conta com um total de 15 seleções inscritas.
A equipa nacional junta 14 párocos de diferentes dioceses do país, como Braga, Porto, Viana do Castelo e Vila Real, que irão disputar o Europeu de 'quinas' ao peito, com equipamentos oferecidos pela Federação Portuguesa de Futebol em 2020.