Manuel Pinto tem 78 anos e é natural de Santo Tirso. Frequenta o Centro de Dia do Centro Comunitário da Associação Paços 2000 na freguesia de Seroa, onde constrói diversas peças de arte.
Através de fósforos, rolhas e rolinhos de papel de jornal, Manuel Pinto dá asas à imaginação e vai criando. “Fui inventando, foram-me ocorrendo ideias, fui fazendo e ganhei o gosto”, afirma.
Toda a vida trabalhou na construção civil, nos últimos dez anos, “exerceu por conta própria” e foi “empreiteiro de obras, pedreiro, trolha e fazia pinturas” e, por isso, considera ter “boa capacidade de leitura de projetos”.
Conta que as suas construções preferidas são a Igreja Matriz de Seroa, em fósforos, e o Castelo de Guimarães, em rolhas, apesar de “gostar de todas”. A ideia de reproduzir o Castelo de Guimarães com rolhas surgiu num passeio até ao município promovido pelo centro de dia.
Ao Jornal A VERDADE conta: “lá dentro, fixei todos os cantos que tinha, como é que aquilo foi feito, todo o trabalho em si e fui imaginando fazê-lo também, fui tirando fotografias com o telemóvel”. Duas ou três horas por dia era o que dedicava à construção que junta 2.698 mil rolhas de cortiça.
O artista gosta de ver utilidade em tudo e decidiu transformar um relógio estragado que “ia para a sucata” num novo relógio funcional. Manuel Pinto constrói um pouco de tudo, desde suportes para telemóveis ou guardanapos, relógios, miniaturas, mobiliário, barcos, vasos, cestos de pão, entre outros.
Orgulhosamente, afirma que: “É tudo feito por mim, sem o auxílio de ninguém. Nunca desisti, continuei sempre a trabalhar”.
Os materiais reciclados que utiliza são os amigos, o centro de dia e os cafés que disponibilizam. “Os amigos, quando me viram, começaram a pedir nos cafés onde param e a recolher rolhas, que me oferecem e eu aproveito e é assim que consigo muita rolha”, conta.
“Quase que me sinto realizado, mas não, porque tenho muito para construir”, admite. Neste momento, ambiciona terminar a construção da Igreja de São Bento de Santo Tirso.
Esta é uma forma de se manter “entretido e passar tempo no centro de dia”, sendo que, ao fim de semana, fica em casa a cortar as rolhas “à sua maneira”.
“É uma forma de sobreviver, é uma forma de envelhecer com um sorriso nos lábios e sentirem-se mais realizados, tal como eu me estou a sentir realizado pelo trabalho que vou fazendo”, é a mensagem que Manuel Pinto deixa.
O centro de dia oferece cola branca e fósforos, para além de ter incentivado Manuel Pinto com uma exposição que está patente até dia 26 de setembro, de segunda a sexta-feira das 09h00 às 17h00, no Posto de Turismo do Parque Urbano em Paços de Ferreira.
Texto redigido com o apoio de Daniela Lenchyna.
