Fotografia ilustrativa dos incêndios em Marco de Canaveses
Otília Borges, dona de uma quinta na freguesia de Soalhães, Marco de Canaveses, foi uma das habitantes que sofreu com o flagelo dos incêndios. Ao Jornal A VERDADE, lamenta a destruição causada pelas chamas “não no sentido de bens materiais, mas pela perda dos animais”.
A marcoense recorda esta situação como “muito complicada”, tendo perdido durante este incêndio um total de 20 dos seus animais, devido ao incêndio que deixou a sua propriedade “cercada dos dois lados”. Além dos animais, sofreu a perda de um barracão com cerca de 70 fardos de palha, de 80 alqueires de milho e de sete toneladas de lenha.
Os animais que estavam guardados no seu recinto tentaram escapar às chamas mas quando se viram “cercados de fumo voltaram outra vez para a cerca e morreram asfixiados. Estávamos demasiado atarefados a tentar salvar a casa e no meio deste desespero todo não conseguimos mesmo salvar os animais”.
As chamas acabaram por consumir alguns carros que estavam próximos da residência desta habitante que confirma que “as labaredas ainda chegaram às paredes da casa”. O combate às chamas durou “horas que valem por semanas e meses, foram horas de muito aperto”.
Quando questionado sobre a resposta das autoridades, Otília Borges assegurou que os “bombeiros foram impecáveis” mas que ao ver as chamas a circundar a sua casa pediu aos mesmos para não a ajudarem. A moradora recordou, com algumas lágrimas, o seu pedido aos bombeiros no local: “disse que queria que eles fossem embora. Vi um bombeiro que ainda era da idade da minha filha e disse-lhe que não queria que ele estivesse ali em perigo”.
Neste processo, também os irmãos da proprietária a ajudaram a proteger a sua casa e terrenos cujo trabalho e esforços “foram mesmo incansáveis”. A população de Soalhães também demonstrou preocupação com a conterrânea que revela ter recebido “centenas de chamadas de pessoas que me ligavam e eu atendia o telefone só para as pessoas perceberem que estava bem”.
A passagem dos incêndios pela freguesia de Soalhães não vai ser facilmente esquecida pelos populares, Otília Borges afirma que ainda lhe “vem sempre à cabeça, toda a situação que a gente viu, ver todos aqueles animais mortos é uma coisa que vai deixar marcas”.
Agora extintos, os incêndios deixam para trás a imagem de Soalhães como “um mar negro”, onde as antes “paisagens verdes” da freguesia encontram-se “totalmente carbonizadas”, concluiu a habitante da região.