orquestra do norte
Publicidade

Fotografia ilustrativa

A Comissão de Trabalhadores da Associação Norte Cultural / Orquestra do Norte denunciou nesta segunda-feira, 3 de fevereiro, a situação da falta de pagamento dos subsídios de Férias e Natal e dos salários de dezembro e janeiro. 

Em comunicado, a comissão garante que se trata de uma situação “que tem sido recorrente nos últimos dois / três anos chegando a receber apenas oito vezes no ano de 2024 em ciclos de dois / três meses. A agravar a situação, o número de concertos sofreu uma enorme diminuição passando quase a metade do habitual desde 2018”, lamenta.

Na mesma nota, enviada à imprensa, os trabalhadores revelam que “a comunicação com a direção executiva é praticamente nula ou inexistente. Às várias solicitações de reunião ou de informações como relatórios de contas, situações contratuais de músicos, dívidas a reforços entre outros, não têm tido resposta“.

Por sua vez, a situação financeira é “sempre justificada numa narrativa repetitiva e gasta sobre o aumento do número contratual de efetivos, como se não fosse uma obrigação contratual ao abrigo dos estatutos das Orquestras Regionais”.

A partir de 2018, “com a redução do efetivo da Orquestra, e a mudança na direção artística (sem o conhecimento e aval dos músicos), coincidência, ou não, o número de concertos baixou drasticamente e as dificuldades aumentaram”.

Por isso, o comunicado prossegue com a interrogação sobre “o que foi feito desde 2018 para fazer face a estas despesas, assim como os encargos com processos judiciais e respetivas indemnizações a ex-trabalhadores”.

A Comissão de Trabalhadores não deixa de congratular os municípios de Amarante, Guimarães, Vila Real, Marco de Canaveses, Vila Nova de Gaia e as Associações Artística Vimaranense e Setúbal Voz “pela confiança mantida no trabalho da Orquestra e pela continuação dos seus contratos-programa únicas no ano de 2024”.

No entanto, os trabalhadores mais antigos confirmam que existem municípios, que fazem parte da atual constituição da Associação, com os quais “a Orquestra não tem contratos-programa ou sequer um único concerto há vários anos chegando às duas décadas, o que torna toda esta situação lamentável e fragiliza ainda mais a sua própria sustentabilidade”.

“São 33 anos ininterruptos da Orquestra do Norte”

A denuncia surge depois de uma assembleia geral de trabalhadores, que decidiu, “por maioria, dar a conhecer à imprensa a situação atual da Orquestra do Norte. Reconhecendo todo o empenho demonstrado por parte do seu presidente, José Luís Gaspar, as dificuldades de tesouraria continuam. A gestão anterior não está isenta de culpa pelo elevado endividamento que deixou”, apontam.

Para além dos salários e subsídios em atraso, a Comissão de Trabalhadores da Associação Norte Cultural / Orquestra do Norte lamenta a “falta de condições da sala de ensaios”, que, “para além de dificultar a ação dos profissionais, já têm causado alguns problemas de saúde. O diretor executivo, José Bastos, cujo cargo lhe foi atribuído pela atual direção, nada diz, raramente atende o telefone e e-mails. Para ele, parece estar tudo bem”.

Com “33 anos ininterruptos da Orquestra do Norte, 33 anos a levar a cultura aos locais mais recônditos deste país”, a comissão de trabalhadores apela ao “apoio da ministra da cultura, Dalila Rodrigues, para que ajude a encontrar uma solução“.

Sabe-se, até ao momento, que a Comissão de Trabalhadores já solicitou uma audiência e intervenção de caráter urgente à ministra da cultura.

A agência Lusa solicitou esclarecimentos ao diretor executivo da Associação Norte Cultural/Orquestra do Norte, José Bastos, mas até ao momento não obteve resposta.

A Associação Norte Cultural / Orquestra do Norte foi constituída em 1992, e foram membros fundadores: as Câmaras Municipais de Alijó, Bragança, Vila Real, Guimarães, Vieira do Minho, Póvoa de Lanhoso, Montalegre, Terras de Bouro, Torre de Moncorvo, Caminha, Chaves e Fafe. A Fundação Casa de Mateus e a Fundação Cupertino de Miranda, José Ferreira Lobo, Helder Machado, Antonieta Dias, António Ferreira Lobo, José Luis Pinto Vieira , José António Mota Alves integram também o grupo de fundadores.