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Opinião: Responsabilidade e Exigência. Chave para a Renovação do sistema educativo

Redação

Nos últimos anos, o sistema educativo tem sido alvo de profundas alterações e reformas, muitas vezes bem-intencionadas, mas que, na prática, mostraram-se incapazes de responder às necessidades dos alunos, professores e da sociedade em geral. Um dos aspetos mais preocupantes tem sido a gradual desvalorização da responsabilização disciplinar e pedagógica, bem como a falta de ferramentas adequadas para acompanhar alunos em dificuldades educativas. É urgente uma reflexão sobre o caminho percorrido e, sobretudo, a necessidade de renovar o sistema educativo, ancorando-o em princípios de exigência e de qualidade.

Uma das mudanças mais controversas foi a decisão de tornar as reprovações uma medida de "carácter excecional". Este paradigma, baseado na intenção de reduzir os "fracassos escolares", teve consequências adversas, nomeadamente a desvalorização do esforço e do mérito. Ao retirar à reprovação o seu papel como consequência natural da não aquisição de competências, criou-se uma perceção de que os alunos podem transitar de ano sem dominar os conteúdos necessários. Esta medida, embora bem-intencionada, acaba por penalizar os próprios alunos, que são confrontados, mais tarde, com lacunas insuperáveis na sua formação.

Outro problema é a ausência de mecanismos eficazes para acompanhar os alunos com dificuldades educativas. A inclusão é um princípio nobre, mas necessita de recursos e estruturas adequadas para ser bem-sucedida. A realidade é que muitos professores não dispõem de formação ou tempo suficiente para dar respostas individualizadas, e as escolas não têm condições para implementar medidas e programas de apoio robustos. Assim, é essencial que o sistema educativo ofereça ferramentas reais para acompanhar todos os alunos, garantindo que aqueles com maior dificuldade tenham apoio especializado, sem comprometer o progresso dos restantes.

Para renovar a educação, é imperativo que o sistema volte a pautar-se por um elevado grau de qualidade e exigência, tanto a nível pedagógico como disciplinar. A escola deve ser um espaço onde o rigor e a disciplina coexistam com um ambiente de apoio e crescimento humano integral. A indisciplina, quando não enfrentada, mina o ambiente de aprendizagem e impede o desenvolvimento integral dos alunos. Assim, responsabilização e consequência devem ser vistas como ferramentas fundamentais para a educação, não como punição, mas como um caminho para a autonomia e para o compromisso.

Importa também ressaltar que a exigência não é incompatível com o acompanhamento de alunos com mais dificuldades. Pelo contrário, uma escola exigente é aquela que acredita no potencial de todos os seus alunos e lhes oferece as condições para alcançarem o máximo aproveitamento e desenvolvimento das suas capacidades. Para tal, é necessário apostar em formação contínua para os professores, em redução de turmas e em maior investimento em serviços de apoio psicopedagógico. Estas medidas não só beneficiam os alunos em dificuldade, como também permitem aos professores exercerem a sua profissão com maior eficiência e tranquilidade.

Por fim, é essencial reconhecer a educação como a chave para uma sociedade desenvolvida e coesa. Uma sociedade que valoriza a educação é uma sociedade que investe nos seus adolescentes e jovens, não apenas como estudantes, mas como futuros cidadãos capazes de contribuir para o bem comum. Este reconhecimento requer um compromisso político e social para colocar a educação no centro das prioridades nacionais, assegurando os recursos e as condições necessárias para o seu sucesso.

Gostaria de concluir afirmando que a responsabilização e a exigência não são obstáculos, mas sim condições essenciais para o crescimento de um sistema educativo que não instrua apenas mas, também, forme indivíduos capazes, críticos e conscientes do seu papel na sociedade. É neste equilíbrio entre rigor e apoio que reside o futuro de um sistema educativo verdadeiramente transformador.