2 palavras sao moeda de troca
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“E nesta onda musical de reformulações… Como num câmbio de moedas, as palavras são a moeda de troca. Num trocadilho trocado, em troca de tanto ou tudo. Muito ou quase nada.”

As palavras são largadas. Projetadas. E emancipadas. Como se pudessem ser tudo. Sendo tudo, mesmo às vezes, não sendo nada. Cada palavra tem um peso. O peso e a medida de cada um. De quem lhe quiser dar. De quem lhe pegar. E de quem a soltar. Mas nem sempre, as palavras têm o mesmo peso e a mesma medida, ao dar, ao pegar e ao soltar… E por isso são tão perigosas e assentes, como quem as muda, sem as mudar. Mas as disse, sem as querer. Sem sentido de as dizer. Ou apenas vontade de as manifestar.

Em cada asseio de palavras, elas levam e trazem. Não partem em vão. Nem isso, as acomete, de tanta mudança e direção. Porém, regra geral, não regressam sem retorno ou transmissão. São mensageiras, por natureza e robustez. Por prática e destreza. Mensagens, do nós. Do outro. E de tudo. Ou, por vezes, mensagens do nada, oca e vazia. Que nada representa, apesar de cheia ir e cheia regressar. Porque, em nada e em tudo, tudo se põe as palavras, como vitais. E no tudo e no nada, as retiram e as atiram. Sem as pôr, em tudo ou nada mais.

São assim, jogadas. Como num jogo fortuito. Ao acaso, sem acaso. De propósito, ou despropósito. Com ou sem intenção. Num jogo misto de muito e de pouco. De tudo e de nada. De valor e desvalor. Sem medida ou ligação. E essa ligação, é onde mais se liga cada palavra. Que por vezes se desliga, sem desligar. E sem fazer por ligar, mas em nada desligar ou ter de ligar. São assim, vãs e de opiniões. Mudando e revigorando cada conceito. Crença ou conceção. Das mesmas palavras, sem serem as mesmas, ou não parecendo as mesmas, o são. E nesta onda musical de reformulações… Como num câmbio de moedas, as palavras são a moeda de troca. Num trocadilho trocado, em troca de tanto ou tudo. Muito ou quase nada. 

E nessa troca de x por x. Que x não é x. Nem y, até muito mais que z. As palavras são a permuta, que nos permite distinguir o mais e o menos. Ou talvez não! Apenas achemos que elas nos permitem essa distinção. Quando na realidade não distinguem muito mais, do que aquilo que meramente são: palavras de troca… Que em momento algum, podemos acreditar que nessa moeda está, imperiosamente, tamanho valor. E não vá senão, uma mera palavra, de desvalor. Quando em moeda de troca não merece mais, do que aquilo que é palavra, sem valor. E que doi. Apenas palavra dita, a querer, ou a querermos, passar valor, daquilo que nunca foi…

Texto de Lúcia Resende