Publicidade

“E é esse o percurso de cada um. Seguir e ir. Parar e recomeçar. Tropeçar, cair e levantar. Avançar e continuar… Mas nunca voltar ou regressar. Porque o fio não anda para trás. O acaso não volta… E não é por acaso, que por entre voltas e mais voltas… O fio do acaso, que não é por acaso, nunca irá voltar.”

Tristemente te escuto num eco, sem eco. Em eco mudo, do que não é, nem tem de ser. Sei que na tristeza, tu te refugias e te prendes, do que na realidade te queres desprender. E em redemoinho andas e saltas. Exalas e expeles. Gritas e conténs. Sais e entras, sem nunca sair. Não sabes, ou sabes, sem mesmo o saber. Nada é talhado, ao acaso dos acasos. Nem nas intermitências, das coincidências. Cada caso, não é acaso. Cada coincidência não é intermitência. É a linha contínua de um sopro ser, que não sabes de onde vem. Como vem. E onde vai parar ou morrer.

Tentar descobrir esse trecho ou caminho, é como uma glória em vão. Uma paz, em guerra. Ou uma enchente, vazia de nada. Não existem trilhos de memórias futuras. Somente as passadas. Que o são, porque em algum momento o foram, e estão, daquilo que hoje são. Nada é transmutável. Mas tudo muda, sem sair do mesmo lugar. Nada é igual a ontem. Nem hoje, nem amanhã. Cada sopro, é o sopro daquela maré. Daquela enchente. Ou corrente. Daquela maresia ou ventania. Não o é, em repetição. Nem o é, em descontínuo. É o caminho contínuo do que segue, que nunca será em vão. Ou é-o em vão, ser em vão? Ou nada em vão o é, ser em vão?

E entre o alicerce dessa melodia, reta, e longínqua de caminhos, traçados, por traçar. Cruzados, por cruzar. O fio da vida continua, contínua, assim continuamente. E nesse processo contínuo, é habilmente conduzido, ou não conduzido, por ti, por mim e por nós… Por promessas e desavenças. Amor e desamor. Maldade e bondade. Em rituais de contradição. Em movimento e inércia. Em mando e desmando. E em triste riste da sorte do acaso, que de acaso não vem. Nem nada tem.

Tudo é assim, como tem de ser. E quando tem de ser… Não existem acasos. Não existem coincidências. No mundo lá fora. No nosso mundo, cá dentro… É porque assim tem de o ser. Ou será, porque virá a ser, se assim for, o que terá de vir? E é esse o percurso de cada um. Seguir e ir. Parar e recomeçar. Tropeçar, cair e levantar. Avançar e continuar… Mas nunca voltar ou regressar. Porque o fio não anda para trás. O acaso não volta… E não é por acaso, que por entre voltas e mais voltas… O fio do acaso, que não é por acaso, nunca irá voltar.

Autora: Lúcia Resende