Artigo de Gabriela Saldanha, delegada de Saúde Pública.
A tuberculose constitui um dos maiores problemas mundiais de Saúde Pública. Apesar de ser
uma doença infeciosa conhecida desde a antiguidade e de possuir tratamento, continua a ser uma
das principais causas de morte em todo o mundo, constituindo até à pandemia por COVID-19 a
principal causa de morte provocada por um único agente infecioso, superando os números da infeção
por VIH/SIDA.
A tuberculose ainda é uma doença estigmatizante, no entanto é importante saber que qualquer pessoa pode adoecer com esta doença (independentemente da sua raça e/ou estatuto social). Habitualmente, surge em populações socialmente mais vulneráveis e em populações com HIV, tendo efeitos devastadores, quer pela sua alta mortalidade, quer pelo aumento de tuberculoses resistentes a medicamentos.
Neste enquadramento, existe a necessidade de continuar a consciencializar os profissionais de saúde, os parceiros da comunidade e populações, sobre o modo de transmissão, principais sintomas da doença e alguns dos principais cuidados que quer o doente, quer o contacto próximo do doente devem ter. O esforço de todos é essencial no combate a esta doença, a nível mundial, nacional e local.
A Tuberculose e a sua transmissão
A tuberculose é causada por uma bactéria conhecida como bacilo de Koch e que se transmite por via inalatória. A doença geralmente atinge os pulmões (tuberculose pulmonar) mas também pode atingir outros órgãos (tuberculose extra-pulmonar).
A doença transmite-se se quando um doente com tuberculose pulmonar, bacilífero, tosse, espirra, fala, canta, ou seja, elimina bacilos que podem ser inalados por contactos próximos com o doente. Dada a forma como a doença se transmite, nem todos os doentes com tuberculose envolvem risco de contágio.
A transmissão da tuberculose depende da duração, tipo de ambiente e de contato entre o doente
e a pessoa saudável.
Sintomas da Tuberculose
Não existem sintomas específicos de tuberculose. Os sinais de alerta mais comuns são: tosse
persistente, seca ou com expetoração amarelada ou esverdeada que pode conter sangue e que se
prolonga além de três semanas (não melhorando com a medicação habitual), suores noturnos,
perda de apetite, emagrecimento, falta de forças, cansaço e febre habitualmente baixa ao final do
dia/noite.
Fatores de Risco
Alguns fatores podem contribuir para o aumento risco da tuberculose, nomeadamente: desnutrição, tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, baixa de imunidade, uso de alguns medicamentos, doenças crónicas como a Diabetes Mellitus e o HIV. Em termos ambientais, a sobrelotação de espaços (ex: prisões) e alguns contextos ocupacionais (ex: pedreiras) podem também constituir fatores de risco importantes.
Tratamento e Prognóstico A tuberculose é habitualmente curável. Cerca de 85% das pessoas que desenvolvem a doença podem ser tratadas com um tratamento prolongado, mas eficaz.
O tratamento tem o benefício adicional de reduzir a transmissão da infeção.
Alguns cuidados fundamentais para o doente
Após o diagnóstico de tuberculose, o doente será contactado pela Unidade de Saúde Pública,
devendo identificar todos os seus contactos próximos (coabitantes e contactos profissionais).
Os locais de contacto de um doente com tuberculose devem ser arejados e expostos à luz
solar, porque o bacilo da tuberculose é muito sensível à ação dos raios ultravioleta.
O doente deve cumprir a toma de observação direta (TOD) da medicação por profissional de
saúde, de forma a assegurar uma maior eficácia do tratamento, redução do abandono terapêutico e
consequentemente a possibilidade de resistências à medicação.
Em caso de doente com suspeita ou confirmação de tuberculose pulmonar, este deve usar máscara, principalmente em locais não ventilados, até que o resultado confirme que não existe possibilidade de contágio. Alguns cuidados fundamentais para os contactos próximos identificados: Todos os contactos próximos identificados pelo doente devem realizar o rastreio proposto pelos profissionais de saúde da Unidade de Saúde Pública. Em caso de necessidade, é fundamental que cumpram o tratamento proposto.
