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Cláudia Madureira mais conhecida por Cláudia Madur é fadista, psicóloga e, recentemente, consultora imobiliária. Reinventar-se é uma necessidade da artista natural de Baião que chegou a vários cantos do mundo através da voz. 

Madur surgiu quando começou a fazer concertos fora de Portugal. Apercebeu-se que o apelido era “muito grande, difícil para os estrangeiros e pouco sonante”, ao mesmo tempo que foi uma estratégia para diferenciar-se da carreira de psicóloga. Assim, criou “duas personalidades”. Cláudia Madureira “personagem da vida”. Claúdia Madur “personagem do palco”

O seu pai motivava o seu sonho através de um rádio, com a promessa que ela gravaria, pelo menos, uma cassete por mês, para que ele pudesse ouvir nas suas viagens enquanto camionista, mas confessa que “era mesmo só para ver se eu cumpria a promessa, seria difícil ir no camião a ouvir ‘Onda Choc’”, recorda, entre risos.

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O pai influenciou-a “pela vida artística e musical amadora”. Aos seis anos inscreveu as filhas numa escola de música para que aprendessem a tocar um instrumento, desde uma requinta até ao piano, Cláudia não se identificou com nenhum. 

O primeiro contacto com o fado foi na tuna da universidade. Fado que era considerado “música para velhos, chata e que ninguém queria cantar”, por isso, foi “praxada” para cantar o “Barco Negro”. Ao juntar duas paixões que tinha, a poesia e a melodia, apaixonou-se pelo género musical. Ainda na tuna começaram a ser premiados o que foi um “reforço positivo”, aliado a idas a casas de fado e conversas com pessoas do meio foi um “caminhar natural da carreira”

Após a universidade o caminho no fado tornou-se mais sério. Em 2006, foi o “arranque da carreira”. Coincidência ou não, no dia 6 do sexto mês de 2006 fez o primeiro concerto pago e diz: “é aqui que eu defino algo amador, para algo mais profissional”. Três anos mais tarde, em 2009, gravou o seu primeiro disco que lhe abriu portas a nível internacional. 

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Em 2016 sentiu “necessidade de se reinventar”, pois considera que o fado “sofreu uma transformação muito grande e passou a ser Património Imaterial da Humanidade”. Se o fado, até então, era “requisitado por comunidades portugueses”, agora eram chamados por públicos nativos, uma “plateia que não entendia o português e não estava melodicamente familiarizada”. Desta forma, o objetivo era tentar readaptar o fado de modo a torná-lo “mais universal”

“Sair de uma casa intimista para um público que nunca ouviu falar português, que chora na mesma porque é a magia do fado, mas que percebemos que passada meia hora do concerto pode levar um bocadinho à exaustão”, explica Madur. 

Cláudia elucida que, atualmente, existe um fenómeno em vários países que são “pequenos cursos de português apenas para se tentar interpretar as letras do fado, perceber o que a saudade significa”

A artista já pisou palcos em vários locais, desde a terra onde nasceu, em Baião, a palcos no estrangeiro. À questão sobre os sentimentos que tem em palcos responde que “as emoções são diferentes, eu penso até que a responsabilidade de cantar na minha terra é redobrada, porque as pessoas conhecem-nos desde pequeninas, depositam em nós muita expectativa, eu fico sempre mais receosa e com uma responsabilidade acrescida”

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No estrangeiro, quando atua para emigrantes portugueses, sente que leva “um bocadinho daquilo que eles não têm” e conta que à chegada ao aeroporto as pessoas “choram e nem sequer nos ouviram”

Atuar em cruzeiros foi um novo desafio que surgiu. “A questão dos barcos vem associada ao crescimento do turismo no Porto”, Madur faz o “encerramento ou a abertura do cruzeiro”.

A psicologia e o fado andaram de mão dada durante vários anos. Considera que ser psicóloga lhe dá “muitas ferramentas para conseguir estar em palco” e no fundo é “mais um papel” na sua vida. “Preenchia-me aquela lacuna emocional do desgaste que tinha no meu dia a dia enquanto psicóloga de ação social e, por sua vez, levava um grau de emoção mais elevado para o palco”, esclarece.

Recentemente, Madur “esgotou-se emocionalmente enquanto psicóloga de ação social” e decidiu “dar o salto”. Criou o seu próprio posto de trabalho como consultora imobiliária e diz que “continua a ser uma profissão de pessoas para pessoas”. 

A fadista confessa que “foi um choque profissional necessário” para se sentir melhor consigo própria e diz que nunca pensou “vir a gostar tanto como gosta”

A par do ramo imobiliário, Cláudia está a trabalhar num single que sairá “em breve” para que possa “renovar o reportório e relembrar o seu trabalho”.

Texto redigido com o apoio de Daniela Lenchyna.