Ser médico “não se consegue responder em duas linhas”, mas Nuno Barros Ferreira garante que, de uma forma geral, significa “ser o guardião da saúde das pessoas” e o profissional “em quem depositam a confiança para ficarem bem”.
Aos 27 anos, o jovem natural de Paredes, é médico interno de Pneumologia na Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa, mas nunca imaginaria que o futuro profissional passaria pelos corredores de um hospital.
A vontade de seguir medicina surgiu no momento da decisão do curso a escolher e, “avaliando as opções que tinha” achou que deveria optar por uma área com “maior impacto na vida das pessoas. Gosto muito de me ligar às pessoas, estar próximo delas e outras áreas do saber iriam ser mais ligadas a outras vertentes. Nesta conseguia ser e sentir-me útil, algo que para mim era importante”.
Foi uma altura muito feliz da minha vida
Nuno Barros Ferreira recorda as brincadeiras na infância, que nada tinham a ver com a medicina, “de todo. Quando era mais novo gostava muito de computadores e das consolas. Acabava por ter brincadeiras mais relacionadas com um eventual engenheiro informático, do que com um médico”.
A verdade é que a vida o encaminhou para a área da saúde, e fê-lo percorrer um percurso “muito feliz”. Dizer que entrar em medicina foi fácil, “estaria a mentir”, porque implicou “algum custo pessoal e muita dedicação. Foram muitas horas de estudo, especialmente no 12.º ano”.
Mas, no final de tudo, conseguiu, “sempre, ter um ótimo balanço da vida pessoal e académica, praticar desporto, estar com os amigos e jogar muito computador. Se tivesse de escolher o fator chave para o ter conseguido, diria que nos momentos que interessavam focava-me a sério e não me distraia com outras coisas. Foi uma altura muito feliz da minha vida”.
“Ser médico significa ter de estudar a vida toda”
Pensar num médico, é pensar num profissional que dedica muitas horas a cuidar do outro. Mas como se faz a gestão com a vida pessoal? Para Nuno Barros Ferreira “depende muito de cada um. Ser médico significa ter de estudar a vida toda, em particular nesta fase em que estamos a tirar uma especialidade, temos de estar preparados para estudar muitas horas, isso faz parte da nossa vida“, explica.
Mas o jovem médico consegue “fazer tudo isso” e, ao mesmo tempo, envolver-se em “muitos” outros projetos, “como pertencer à ordem dos médicos, à comissão de internos do hospital, fazer doutoramento, fazer o internato e ter uma vida pessoal ativa e uma participação cívica ativa também. Desengane-se quem ache que um médico não passa muito tempo a estudar e a aprender”.
O paredense começou a exercer a profissão em janeiro de 2022, enquanto médico interno de formação geral no Hospital de Penafiel. Em janeiro de 2023, passou a médico interno de formação específica em pneumologia, no mesmo hospital.
É uma profissão que nunca está acabada, é muito bom
Até então, tem ‘colecionado’ alguns momentos marcantes, mas há um que o acompanha até hoje. Foi “a primeira vez” que diagnosticou “um pneumotórax, um quadro que é ameaçador de vida, senão for devidamente tratado. Fui capaz de o diagnosticar e, depois, de ajudar a tratar o paciente. Efetivamente, o primeiro não se esquece”.
Ser médico é “desafiante, todos os dias”, mas são os desafios que o cativam nesta profissão e através da qual consegue “fazer a diferença na vida das pessoas“. Para além disso, “é uma profissão que nunca está acabada e que está em constante evolução, temos sempre maneiras novas de nos desafiarmos a nós próprios, de crescermos, aprendermos coisas novas. É uma profissão que nunca está acabada, é muito bom“.
Quais as características mais importantes num médico? Nuno Barros Ferreira termina a entrevista com a certeza de que “é ser capaz de estar a par de toda a melhor evidência científica e técnica, ao mesmo tempo que se consegue processar toda a informação que temos de saber; ter uma relação de proximidade com os doentes e tratá-los com humanismo e compaixão”.