No dia 13 de dezembro, a lista liderada por João Oliveira viu a vitória sorrir-lhe com 118 votos dos 222 inscritos. “Mais ação e mais competência” será a linha orientadora da nova provedoria da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel (SCMP) – que tomou posse a 10 de janeiro – para o quadriénio de 2025-2028.
João Oliveira, coronel da GNR, irá ‘comandar’ uma instituição com 515 anos de história, com o propósito de inovar, organizar e modernizar. Uma vontade expressa na candidatura, na qual assumiu a responsabilidade para enfrentar os desafios futuros, tendo em vista melhorar a atual realidade da SCMP com projetos de expansão.
Em entrevista ao Jornal A VERDADE, João Oliveira, um penafidelense “adotado” perspetiva o futuro da instituição e os objetivos a cumprir enquanto provedor.
Como se estabeleceu a ligação ao concelho de Penafiel?
Sou natural de Lisboa, vivi até aos 20 anos em Lamego e depois, por causa da minha carreira militar, fui correndo o país. Mas estabeleci a minha residência em Penafiel há mais de 30 anos e é neste concelho que organizo toda a minha vida. Portanto quando me perguntam sou de Penafiel, já nem me lembro que nasci noutro sítio. Fui adotado e adotei a cidade. Ao longo dos anos fui sempre estando na vida ativa da comunidade penafidelense, tendo sido já por três vezes presidente do Rotary Club de Penafiel, sou vice-presidente da APADIMP e participei em várias outras associações de caráter comunitário.
Entretanto vários irmãos da SCMP foram conversando comigo e diziam que era necessário apresentar uma candidatura. Achavam, e eu concordo, que a instituição, nos últimos anos, tem estado muito parada na atividade. Estamos a falar de uma Misericórdia com uma vastíssima história e património na comunidade e que precisa de um impulso renovador. E foi aí que se começou a construir esta lista, para tentar alterar o rumo da SCMP. A partir deste dia 10 de Janeiro passamos a liderar os destinos da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel.
Como foi perceber que estava a dar início à liderança de um projeto com tantos anos e com tanta responsabilidade?
Não tenho a mínima dúvida de que ser provedor ou pertencer aos órgãos sociais é, acima de tudo, uma responsabilidade, porque a SCMP tem um trabalho social imenso e, também, pela confiança que os irmãos que votaram depositam em nós. Se votaram e acham que temos as qualidades técnicas, pessoais e humanas para dirigir esta casa, é uma responsabilidade enorme não defraudar as expectativas de quem em nós confia e, principalmente, é uma responsabilidade manter e elevar a qualidade do serviço prestado, de forma a que os nossos utentes sintam cada vez mais qualidade no serviço que lhes é prestado. Apesar da minha vida ser muito por fora do Penafiel, eu já fui mesário entre 2008 e 2010 e conheço a misericórdia, quase todos os colaboradores e, portanto, sei as pessoas que lá estão a trabalhar. São pessoas nas quais reconheço capacidade e vontade, mas precisam de estar bem organizadas e com vontade de serviço.
Na apresentação da candidatura dizíamos que queremos que os nossos colaboradores vejam nos utentes uma pessoa, um coração e um sorriso. Cada utente é uma individualidade que terá de ter a atenção individual que merece. E quando eu digo que tem que ser uma pessoa, um coração e um sorriso, não são palavras vãs. É isso mesmo que nós queremos, atender às especificidades de cada um, desde os mais pequeninhos, aos mais séniores. A responsabilidade é enorme, mas estamos preparados para isso.
Conhece muito bem aqui a instituição, por isso, quais são as principais lacunas ou o que deve ser melhorado a partir de agora?
Não tenho a mínima dúvida de que temos de trabalhar e mudar coisas, tanto a nível interno como a nível externo. A nível interno mais na organização de processos, na inovação, na forma como os nossos colaboradores trabalham, dar-lhes capacidades de trabalho. São muito competentes, alguns deles estão conosco há muitos anos, mas claramente uma grande equipa de excelentes profissionais precisa sempre de alguém que esteja a organizar e que facilite. A nossa intenção é fazer mais e melhor, mas com mais competência, ou seja, arranjar maneiras de que todos saibam exatamente o que têm a fazer e que o façam com gosto.
A nível externo, sentimos que há um isolamento instituição, está muito fechada sobre si própria, mas não pode ser. A SCMP tem de se mobilizar externamente em sintonia e em rede com os parceiros institucionais que existem, como a Segurança Social, Ministério da Educação, Ministério da Saúde, mas também, com o município que é um parceiro da excelência e trabalhamos ambos para o mesmo fim, a qualidade de vida dos cidadãos. Sem esquecer os parceiros institucionais, como empresas, voluntários, amigos, com todas as entidades com as quais possamos gerar sinergias de melhoria do serviço. Estando sozinhos ninguém faz nada, estando juntos melhoramos todos.
Quais são as mais valias da SCMP?
É claramente o pessoal, os nossos colaboradores. A forma, o carinho e o amor com que eles tratam aquelas pessoas. não é possível ficar indiferente quando se é cuidador numa instituição, às vezes, de vários anos de uma mesma pessoa. É como se fosse família. Portanto, essa é a principal mais-valia que nós temos. A SCMP é reconhecidamente como uma ‘casa’ que se recomenda e que as pessoas procuram muito, porque tem qualidade no serviço que presta. Nós queremos é mais qualidade, mais inovação e estamos prontos para isso. A lista que eu lidero e que me acompanha, foi escolhida pela qualidade técnica das suas vidas profissionais e pela capacidade, compromisso e disponibilidade que garantiram e garantem para o futuro neste trabalho que vamos realizar. A qualidade nas vidas profissionais também é garantia para o trabalho que vamos desenvolver.
A missão para o futuro é ‘abraçar’ a modernidade, mas mantendo a essência da instituição?
Mantendo a essência, mas exatamente, ir atrás da modernidade e procurar em todo o lado a inovação que nos possa trazer qualidade. Às vezes há coisas que parecem distantes, mas estão aí, como a inteligência artificial e outras coisas que, hoje, são palavrões e chavões, mas nós podemos trazê-las para nos ajudarem a tratar melhor os nossos utentes.
Por isso é que digo que a lista foi escolhida com pessoas muito capazes. Por exemplo, na mesa administrativa, que são seis pessoas, duas delas são médicos, porque entendemos que era necessário, outros têm outras profissões, mas todas elas se adaptam em função do serviço que vão desempenhar, para que possamos melhorar. E, se for necessário, vamos a todo lado, vamos observar as melhores práticas que se fazem noutros sítios, para que depois as possamos adaptar ou replicar. Tudo isto será feito dentro de um regime de responsabilidade económica e financeira, como não podia deixar de ser. Eu não me apresentei aos irmãos com nenhuma promessa concreta, porque poderíamos estar apenas a falar de intenções. Eu sou muito prático na minha vida e é assim que eu gosto de trabalhar. Temos de avaliar tudo o que for feito, e há muito a fazer.
Numa instituição como a SCMP há sempre trabalho a fazer?
Nós temos muitas ideias, muitos projetos, mas que estarão prontos para serem executados quando houver capacidade financeira ou económica para serem executados. Portanto, terá sempre de haver uma avaliação de sustentabilidade em todos eles. Sim, há muito a fazer. Nós temos um património, físico e imaterial, muito grande. Portanto, também queremos ver se rentabilizamos o melhor possível o património que já temos e lançamos novas infraestruturas que, certamente, trarão mais qualidade à misericórdia. O que vier é sempre para acrescentar e com mais qualidade.