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No mesmo dia, Pedro Miguel Queirós apresentou a tese e Raul Minh'Alma lançou um livro

Redação

O autor mais vendido em Portugal é do Marco de Canaveses

Depois de ter alcançado o título de "autor português mais vendido em Portugal" nos anos de 2020 e 2021, Raul Minh'Alma conseguiu atingir novamente o marco em 2024. Antes disso, já em 2019, também foi o autor do livro mais vendido em Portugal. Em entrevista ao Jornal A VERDADE, o escritor partilha que este acontecimento, no ano passado, é "particularmente especial. Veio mostrar que os sucessos das vendas entre 2019 e 2021 não foram um acaso. Sem dúvida que naqueles anos houve uma explosão na minha carreira e fico contente por ter conseguido corresponder à expectativa do público", destacou.

Mesmo assim, Raul Minh'Alma mantém os pés bem assentes na terra e afirma que não se deixa "envaidecer pelos números. São feitos incríveis e dos quais sou muito grato, mas continuo a trabalhar diariamente como se ainda não tivesse conseguido nada".

Apesar da notoriedade que atingiu, o autor mostra-se certo de que muitos ainda desconhecem as suas origens. Raul Minh'Alma ou Pedro Miguel Queirós, nome verdadeiro, é natural da freguesia de Tabuado, tem 32 anos e sete irmãos. Até aos 18 viveu no Marco, idade em que foi estudar e viver para o Porto, e nunca mais voltou. Mas a ligação à terra permaneceu. "Não voltei mais a viver no Marco, mas continuei sempre ligado à minha terra natal até porque tenho lá a minha mãe, que visito com regularidade, além de amigos e familiares. Alguns dos meus sete irmãos também vivem no Marco, mas vários estão emigrados".

Foi ainda no concelho do Marco de Canaveses, que Raul Minh'Alma se desafiou a escrever e a apresentar o primeiro livro em 2011. Chamava-se "Desculpe Mãe" e era uma obra de poesia, que hoje já não se encontra à venda. E o processo de escrita, quando surgiu? Pedro Miguel Queirós partilhou que, embora os tempos livres fossem ocupados com as artes, a escrita só surgiu no 12.º ano. "Durante a minha infância não havia tempo para poesias, era estudar, brincar e trabalhar", recorda.

À semelhança de muitos artistas, decidiu, no término do secundário, optar por um caminho com "mais garantias e estabilidade" e foi assim que ingressou no curso de Engenharia Mecânica. "Sempre fui ligado às artes, mas sabia o quão incertas eram... Foi por isso que optei pela engenharia. Obviamente que também gostava, mas não era o que o meu coração pedia". A par da engenharia continuou a escrever, chegando a publicar alguns livros durante o processo da universidade. A máxima passava por: "tenho de ser bom nas duas e depois a vida decidiria qual dos dois caminhos seria o certo".

No dia em que Pedro Miguel Queirós apresentou a tese foi também o dia em que Raul Minh'Alma lançou o livro "Larga quem não te agarra". Curso terminado e com um best-seller nas mãos, o sinal da vida foi "claro". Afinal, nunca chegou a ser engenheiro. Fez da escrita vida e assim mantém-se até hoje, confessando: "ganho muitíssimo mais enquanto escritor e sou muitíssimo mais feliz também".

Aos sonhadores, o autor deixa um conselho: "Sou a prova de que é possível viver da escrita em Portugal. Mas também quero ser um exemplo de que não é por termos um sonho que devemos atirar-nos de cabeça para o desconhecido ou descartar por completo a possibilidade do ensino acadêmico. Dei o meu melhor em ambas e entreguei a decisão à vida. E ela decidiu".

"Depois é sentar e escrever, mesmo quando não há vontade ou inspiração"

Durante cerca de três meses, o marcoense embrulha-se na história e dedica-se a ela mesmo quando a motivação ou inspiração não estão presentes. "Escrevo seis dias por semana, várias horas por dia. É um processo muito concentrado no tempo, mas para mim é fundamental que assim seja, embora seja desgastante. Antes de iniciar o processo de escrita, passo umas boas semanas a pensar na história e a estruturá-la mentalmente depois é: sentar e escrever. Quando se escreve por profissão não podemos estar dependentes da inspiração para escrever. Há contratos e prazos para cumprir. Findo o período de escrita, seguem-se vários dias em que faço as cinquenta ilustrações que aparecem no início de cada capítulo dos meus livros e depois concentro-me no processo de promoção do livro durante os meses seguintes".

Pedro Miguel Queirós realizou o sonho de ser pai e tem nas filhas uma fonte de motivação

O sonho de ser pai esteve sempre presente, mas considera que o concretizou numa altura em que se sentia "minimamente evoluído e preparado para isso" e ao lado de uma mulher que trouxe "suporte emocional" para ser homem, profissional e pai. Desde que se tornou pai, também o receio do "erro" se tornou maior. "Agora os erros têm mais consequências. A margem de erro diminuiu muito desde que fui pai", partilhou.

Embora não esconda o seu passado e alguns detalhes da vida pessoal, Raul Minh'Alma confessa que tenta preservar a família. "Não gosto muito de expor a vida pessoal, mas muitas vezes não há como evitá-lo, até porque passo todo o tempo da minha vida em família. Trabalho em casa, a minha mulher trabalha comigo e as nossas filhas estão connosco o dia todo".

Terminada a conversa, Raul Minh'Alma prometeu continuar a fazer o melhor que sabe em cada livro, mantendo a mesma "essência e valores", mas reconhecendo que não estará sempre certo, nem que irá agradar a todos. "O principal é sentir que estou a cumprir o meu propósito no mundo enquanto escritor".

Facebook do Raul Minh'Alma