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O dia 11 de setembro assinala o Dia Nacional do Bombeiro Profissional, uma data que para António Silva, bombeiro do Regimento de Sapadores do Porto há 17 anos, é “uma honra”, mas preferia ver “mais ação e menos comemorações de datas”.

O sapador do regimento do Porto admite que sempre encarou o papel de bombeiro como  “a minha profissão e dei sempre o meu melhor”. No entanto, depois de quase 18 anos de serviço, o bombeiro planeia abandonar a profissão devido a uma “carreira que estava a ficar estagnada”.

António Silva esclarece que para ele: “a gente é vista como um simples número e só se lembram dos bombeiros, tanto dos profissionais como voluntários, quando há tragédias, o resto do tempo ninguém se lembra de nós”. O Subchefe de Segunda Classe dos Sapadores, reforçou: “têm que se lembrar dos bombeiros noutras alturas, porque os bombeiros estão cá 365 dias por ano e 24 horas por dia e podem precisar deles a qualquer momento”.

Em conversa com o Jornal A VERDADE, o bombeiro profissional revela que sente que “não me reconhecem o trabalho”. Um sentimento que, segundo António Silva, está a fazer com que “bons colegas e bons profissionais comecem a sair da profissão”

O desgaste rápido e o perigo associados são outras dificuldades enfrentadas pelos profissionais desta carreira e são “um dos motivos para a minha tentativa de mudança de vida”, acrescentou. 

A profissão de bombeiro em Portugal ainda não é detentora do estatuto de “Profissão de Risco e Desgaste Rápido”, sendo que foi lançada recentemente uma petição que pretende mudar o estatuto da profissão junto do Governo e das entidades competentes. 

“Estou de acordo com essa petição”, comenta o bombeiro do Porto, “acho que esta falta de reconhecimento não faz qualquer sentido. A meu ver nem era preciso fazer uma, acho que bastava ter um bocadinho de senso-comum”, continuou.

Quanto ao futuro da profissão, o sapador salientou: “vejo lá colegas novos que entram, têm dois anos de carreira e vão embora porque, ou só vêem aquilo como um part-time ou porque têm outros trabalhos”.

Por fim, António Silva refletiu um pouco sobre a época de incêndios deste ano:” tem corrido tudo bem felizmente, a meteorologia tem ajudado e as medidas de prevenção, reconheço que também têm sido melhoradas”.

Contudo, o sapador profissional deixou um último apelo aos portugueses, para que estes se lembrem que “nós existimos todos os dias”, referindo-se ao papel dos bombeiros, que continuam todos os dias ao serviço da comunidade.