A exposição permanente do Museu Municipal Carmen Miranda, no concelho do Marco de Canaveses, foi inaugurada na tarde desta sexta-feira, 9 de fevereiro. O evento, que contou com a presença do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, decorreu no dia em que se celebram os 115 do nascimento de Carmen Miranda, a 'pequena notável'.
Nos discursos que antecederam a visita à exposição, Armando Gaspar, arquiteto, destacou que este é um equipamento que "possui diversos espaços e funções, desde logo exposição, eventos, multimédia, merchandising, loja interativa, espaço de convívio, estando preparado para receber as mais diversas iniciativas".
O arquiteto realçou o "património histórico, arquitetónico e sociocultural deste concelho, não só por reabilitar estes dois edifícios antigos, como por lembrar e perpetuar a personagem de Carmen Miranda, que levou a voz do Marco de Canaveses a quase todo o mundo".
Cristina Vieira, presidente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses, começou por dizer que este é "um dia de festa para o Marco de Canaveses e para a cultura marcoense", sendo que o concelho passa a "contar com um equipamento cultural de maior importância", recordando todos os que "contribuíram para que este projeto chegasse a bom porto". De acordo com a presidente "esta inauguração inicia uma nova fase na vida cultural da cidade do Marco de Canaveses, que vem consolidar a estratégia cultural que iniciamos em 2017".
A partir de hoje, existe "um novo projeto aberto à cidade, ao concelho, ao país e ao mundo. Trata-se de um projeto cujo investimento ascende a mais de um milhão e 400 mil euros, que se junta ao forte investimento que ao longo de seis anos temos feito na cultura. O Marco de Canaveses pode e deve orgulhar-se deste notável legado patrimonial e cultural que inauguramos. Acreditamos que este é um dos mais importantes legados que deixamos às gerações vindouras".
De acordo com a presidente, neste novo museu, "foram também instalados meios auxiliares de exposição com recurso a novas tecnologias para substituir os equipamentos tradicionais existentes. Esta substituição propõe a utilização de tecnologia digital e multimédia no sentido de potenciar exposições interativas que sejam mais versáteis, dinâmicas e que, particularmente, potenciem o interesse dos utilizadores, quer pela novidade, quer pela sua modernidade. Vamos poder realizar mostras com recurso a vídeo, hologramas, videomapping, instalações interativas, realidade virtual, entre outras".
No entanto, o novo museu não esquecerá a 'Pequena Notável'. "Carmen Miranda é parte integrante do património cultural do Marco de Canaveses com um papel influente na identidade dos marcoenses e das comunidades. Pretendemos, por isso, dar resposta à dimensão internacional, à origem, à memória e ao percurso emigrante de Carmen Miranda. Através da sua memória e legado transportar para a moda, o cinema, a música e a dança a abertura ao mundo que provocou e a sua inigualável atitude de futuro".
Cristina Vieira terminou apontando que, mais do que um momento efémero, na memória do dia de hoje "deve ficar o nosso orgulho em ser marcoenses, a nossa vaidade no talento e na arte de Carmen Miranda que será, sempre, recordada como uma das personalidades mais marcantes da nossa história".
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, descerrou em Marco de Canaveses aquela que é "provavelmente" a sua última placa enquanto responsável por este ministério. "É para mim um momento com significado e acabou por ser uma feliz coincidência estar no dia do aniversário da Carmen Miranda em Marco de Canaveses, uma figura que permanece no nosso imaginário coletivo como um caráter simbólico e muito relevante. A história da Carmen Miranda não é uma história típica de emigrante , porque nem todos os emigrantes se tornam estrelas de Hollywood".
Em breve palavras, Pedro Adão e Silva, falou da viagem de Carmen Miranda entre Portugal, Brasil e os Estados Unidos da América. "Carmen Miranda foi filha de mãe e pai português, nasceu no Marco de Canaveses, partiu com menos de um ano para o Rio de Janeiro, mas na viragem da década de 30 para 40 a sua carreira de cantora e atriz internacionalizou-se, de tal modo que chegou a ser a mulher mais bem paga dos Estados Unidos da América. É caso para se dizer que singrou nos EUA e em todo o mundo. Uma falante português, originária do Marco de Canaveses, que se transformou na figura e na imagem da América do Sul em todo o mundo, quando a América do Sul era dominada pelo espanhol. Acho que este aspeto também revela a importância que o português pode ter", destacou.
Durante a visita ao Museu Municipal Carmen Miranda, Pedro Adão e Silva não escondeu o "entusiasmo" que sentiu ao receber este convite. "Este é um momento simbólico no concelho do Marco de Canaveses que celebra a sua identidade, que é próprio deste concelho, e de alguém que partiu e que se projetou para o mundo e projetou também o nome deste concelho. Ter um Museu Municipal com o nome Carmen Miranda significa que o Marco não se vê como um lugar fechado sobre si, mas como uma comunidade indissociavelmente ligada aos que partiram, aos que voltam e àqueles que são recebidos".
Na sua visão, os museus são "uma uma porta de entrada sobre quem somos, a história que temos e uma abertura ao novo e à consciência do lugar e à internacionalização. Os museus devem ser espaços vivos, programados, virados para fora e que permitam estimular a curiosidade das pessoas sobre a história do lugar que habitam, bem como estabelecer relações internacionais. O património serve para reafirmar a nossa entidade coletiva, dar a conhecer às pessoas que aqui vivem a história das gerações e aumentar o nosso sentimento de pertença, mas também para nos apresentar a quem vem de fora".
Para terminar, o ministro da Cultura deixou uma mensagem sobre a importância do poder local na promoção e divulgação da cultura no país. "A cultura deve ser vista como uma responsabilidade partilhada, assumida pela Administração Central, pelo Ministério da Cultura, mas que precisa do envolvimento do conjunto, do país e, em particular, do poder local e, por isso, é sempre com enorme satisfação que participo em iniciativas desta natureza que são uma forma de reconhecer e agradecer, enquanto ministro da Cultura, aquilo que o poder local faz pela dinamização da cultura".
