A partir de segunda-feira, dia 4 de novembro, o Agrupamento Escolas Carmen Miranda, em Marco de Canaveses, vai proibir o uso de telemóveis na escola, depois da medida ter sido aprovada em Conselho Pedagógico e Geral.
A falta de socialização entre os alunos, a inércia do raciocínio, bem como o excessivo uso dos telemóveis em espaço escolar foram motivos que levaram à aprovação da medida e que Mónica Vieira assume concordar.
Enquanto mãe e encarregada de educação da filha, que frequenta o 9.º ano, concorda “plenamente” com a decisão, que considera “muito boa para todos os alunos”. Inicialmente, “se calhar, não vão perceber e vão sentir falta do telemóvel“, mas, “com o tempo, de certeza que vão agradecer terem tomado esta medida“, reconhece.
Mónica Vieira não tem dúvidas de que, com a abolição dos telemóveis nas escolas, os alunos “vão acabar por conhecer coisas novas. Há assuntos que acabam por lhes passar ao lado, por estarem sempre ‘agarrados’ às tecnologias”, frisa.
“É um trabalho nosso de casa”
Dentro da escola a medida já é certa, mas como será feita a gestão, do uso do telemóvel, fora dos portões? Esta mãe afirma que esse será “um trabalho dos pais. Cabe-nos a nós gerir bem o tempo que passam no telemóvel. Se os miúdos não forem incentivados a não estarem com o telefone, se calhar vão andar lá as escondidas com os telefones, não é? Isto também já é um trabalho nosso de casa.
Em casa a gestão será “fácil” para esta mãe, porque os alunos “têm os trabalhos para fazer e outras atividades. Não se vão distrair com o telemóvel e não vão passar o tempo que não tiveram durante o dia. No caso da minha filha, até acho que vai acabar por se desligar mais um bocadinho. Por isso, só tenho de concordar com a medida. É uma atitude mesmo muito boa”.
Se precisarem de alguma coisa vão ter lá as funcionárias
Ter a filha na escola sem telemóvel “não assusta” Mónica Vieira, até porque “existem profissionais e, a qualquer momento, se eles precisarem de alguma coisa vão ter lá as funcionárias. Há uns anos não havia telemóveis e tudo corria bem“, sublinha.
Telemóvel e aulas: “Como é que vão controlar”?
Rita, a filha, tem telemóvel, mas faz um uso “adequado” do mesmo. No início do ano letivo, mãe e filha, combinaram que “seria desligado a partir do momento que entrasse na escola. Ela tem posto em modo voo. Ou seja, eu não lhe posso ligar, ela não pode receber nada, mas pode mexer, porque às vezes nas aulas tem de fazer pesquisas”.
Telemóvel e aulas. Mónica Vieira tem “estado a pensar nesta situação” e fica a dúvida de “como vão controlar. Esta mãe controla “quando é que ela está online”, mas como é que a escola vai “contornar essa situação? Se usarem o telefone na aula apenas para trabalhos, para mim está tudo bem, desde que não usem nos corredores”.
A medida, tomada por escolas de vários pontos do país, poderá ser uma solução para que os jovens deixem de estar tão ‘apegados’ às tecnologia? Mónica Vieira acredita que “sim. Acredito que, desta forma, vão começar a desligar-se do telemóvel e até poderão percecionar outras coisas que até não estavam a reparar, por estarem tão ocupados com as tecnologias”.
A filha recebeu a informação, da proibição dos telemóveis, de uma forma “muito positiva“, porque em casa já existia “uma tentativa de diminuir a exposição às tecnologias. Nós, por exemplo, quando íamos no carro ela ia sempre ao telemóvel. E decidi proibi-la de fazer isso, para ver paisagens e coisas que podem ser boas para o dia a dia dela. E já notei que tem estado muito mais atenta às coisas que a rodeiam e já sabe os caminhos pelos quais passa. Vemos o mundo através do telemóvel, é triste”.
Os pais acharam que era uma boa iniciativa
O “benefício” que resultou dessa tomada de decisão, poderá ser o mesmo da proibição do telemóvel nas escolas. É nisto que acredita Mónica Vieira. “Com certeza que, daqui a uns meses, também vamos receber benefícios dela não estar com o telefone na escola”.
A opinião é “unânime” entre os pais com quem esta encarregada de educação tem contactado. “Já falei com algumas mães, no grupo dos pais da turma, e todos estão a favor da iniciativa. Foi bem aceite e de certeza que vamos escolher produtos muito bons desta decisão”, conclui Mónica Vieira.