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O Museu Carmen Miranda, no concelho do Marco de Canaveses, recebeu o Ministro da Agricultura e Pesca, José Manuel Fernandes, e o secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, esta quarta-feira, dia 25 de setembro, na sequências dos incêndios que deflagraram no concelho. Em reunião, o ministro falou de medidas que estão a ser tomadas e deixou uma mensagem de apoio e incentivo a todos os produtores. 

O objetivo da reunião era visitar as propriedade de alguns proprietários atingidos, mas devido ao tempo, o encontro decorreu, na íntegra, no museu, contando na mesma com a participação dos lesados. 

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Cristina Vieira, presidente da câmara, deu conta do estado de situação do concelho e do que se viveu durante os incêndios, antes de passar a palavra ao ministro. A autarca relembrou todo o investimento feito por parte do município, dando nota de que, apesar do “esforço”, houve uma área ardida de cerca de 3.500 hectares e um grande número de ignições. “O Município do Marco de Canaveses tem feito um grande investimento na prevenção aos incêndios rurais, quer seja em ações de sensibilização, no cumprimento versado do nosso plano de defesa contra incêndios, nomeadamente, da gestão do combustível, limpeza dos espaços municipais, temos feito o apoio em três EIP’s, temos um protocolo estabelecido para garantirmos no Marco de Canaveses duas equipas de sapadores florestais, temos três unidades de Proteção Civil, com cerca de 60 elementos”, enumerando assim algumas das medidas implementadas. 

Apesar destes investimento, Cristina Vieira deu conta de que “houve falta de meios”, ao mesmo tempo que elogiou o “esforço e a coordenação” entre os agentes da proteção civil e a população, bem como a prontidão do Governo. “Agradeço o papel do Governo que foi rápido a vir para o terreno, a identificar necessidades, a colocar-nos em contacto com a comissão de coordenação que vai gerir este processo”, terminando por realçar dois fatores: “em primeiro, mencionar que ficará na memória daqueles que estiveram na frente no combate aos incêndios a angústia e o desespero, porque as pessoas que estavam na linha da frente perceberam que a impotência era muito grande e, em segundo, recordar que o trabalho destes agentes de Proteção Civil acabou com os incêndios e começou logo com a chegada das chuvas para que não hajam escorrimentos, é um trabalho constante”, reiterou. 

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Por sua vez, o Ministro da Agricultura e Pesca realçou a importância de agir, mas também sentiu necessidade de deixar uma palavra de incentivo: “nós vimos cá para ouvir e melhor agir. Nós ainda não sabemos o valor dos estragos… há pessoas que ainda nem tiveram coragem de ir às culturas e às explorações, mas a mensagem que passo é para nós não desistirmos, porque a agricultura e a floresta têm futuro e é preciso estar atento, porque há pessoas que estão desanimadas e a pensar em abandonar tudo e temos de estar atentos a isso. Não atirarmos a toalha ao chão é a mensagem que tenho passado”. 

Neste sentido, José Manuel Fernandes referiu que o Governo está a trabalhar numa “resposta rápida. Teremos 500 milhões de euros de fundos europeus, estão a ser aprovadas medidas em conselho de ministros e algumas dessas medidas estão relacionadas com o Orçamento de Estado para lançarmos um concurso para a capacidade produtiva, com 50 milhões de euros. Nesta medida estão elegíveis as alfaias, as viaturas que foram atingidas, haverá um outro elemento de apoio, via Orçamento de Estado, para montantes mais pequenos, mas também um apoio mais rápido para pessoas que tenham dificuldades em provar que determinada alfaia agrícola estava documentada e, aí, os presidente de junta são essenciais, porque há pessoas que foram atingidas e não têm internet ou não sabem aceder a uma plataforma eletrónica e queremos chegar a todos, através das câmara e das juntas. Tudo é prioridade, mas há situações mais urgentes. Temos de encontrar soluções para os alimentos para os animais. O Ministério da Agricultura está disponível para apoiarmos a compra de alimentos”, destacou. 

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Ainda no que a medidas diz respeito, José Manuel Fernandes recordou a aposta na prevenção, a medida de aumento ao rendimento do agricultor e os incentivos aos jovens produtores. “Um jovem que queira trabalhar na agricultura em exclusividade terá 50 mil euros para a instalação e depois pode fazer outros pedidos”. 

Consciente de que existem problemas no território, enumerando alguns: “os territórios que não são cultivados são mais propícios aos incêndios, há alterações climáticas, problemas no emparcelamento, cadastro, a vertente económica, bem como social e ambiental…”, o ministro quis realçar que o PEPAC está a ser preparado e que pretende “alterar a legislação para investirmos na floresta. A agricultura e florestas convivem bem e são complementares e entreajudam-se”. 

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Face à chuva que tem marcado os dias e que marcará os próximo meses, o ministro referiu que o foco deve ser direcionado para “a estabilização da emergência, os trabalhos que fizerem são elegíveis e nós pagaremos a 100% essas medidas elegíveis, também as nossas equipas de sapadores estão a fazer esse trabalho”. 

Os casos que estiveram em debate foram os seguintes:

Freguesia de Soalhães, na Rua do Vale (EM 583). “Nesta localização verifica-se a existência de dois hectares de área de vinha ardida, propriedade do senhor Fernando Soares. Ainda na mesma freguesia, e numa localização muito próxima, registou-se a perda de animais com uma vasta área ardida, na propriedade do senhor Luís Miguel Coutinho”.

Freguesia do Marco, onde “o senhor João Pedro Pinto, registou 45 colmeias ardidas”.

Trabalho realizado em conjunto com o jornalista Rui Pinto.