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O cinema e a literatura são áreas capazes de cativar milhares de pessoas. No entanto, são complicadas e requerem um trabalho árduo. No caso do cinema português, cada vez mais surgem produtores e realizadores que lutam e trabalham pela sua paixão e que começam a destacar-se nacional e internacionalmente.

Este é o caso de Miguel Ferreira, um jovem natural da freguesia das Termas de São Vicente, em Penafiel. Com apenas 22 anos, tem já dois livros publicados e três curtas-metragens realizadas. É licenciado em Cinema, na Escola Superior Artística do Porto (ESAP), e realizou uma pós-graduação em Dramaturgia e Argumento na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), sendo, atualmente, o novo embaixador da “Education First”, uma empresa de educação internacional especializada em intercâmbio cultural.

“Trabalhei em vários projetos enquanto estudava. Acabei a minha pós-graduação e tenho continuado a trabalhar como freelancer”, afirma Miguel Ferreira, que, neste momento, está “na fase de pré-produção de uma websérie de comédia”. A série idealizada pretende, nesta fase, fazer uma “retrospetiva do que é a vida de um jovem que se está a tornar adulto numa aldeia, com um tom irónico e divertido”.

Um dos seus filmes mais conhecidos é “A origem da Alma”, lançado em 2019, o projeto que pretende homenagear Gabino Ribeiro de Oliveira, uma figura importante da sua freguesia, que faleceu em 2018. Lançou ainda “Quando o tempo parou”, vencedor de uma menção honrosa no festival de cinema Uruvatti. Já na ESMAE, realizou uma peça de teatro, “Antes, durante e depois do Natal”, que foi, mais tarde, apresentada no Teatro Nacional de São João.

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“O meu maior objetivo é continuar sempre a escrever”, confessa Miguel Ferreira, que já escreveu “dois livros, três curtas-metragens” e produziu videoclipes e alguns projetos de edição. Agora, com o novo projeto na “Education First”, pretende conhecer “mais e passar uns tempos fora de Portugal”.

Na literatura, começou a dar os primeiros passos no concurso de novos talentos da FNAC, em 2018, no qual, com a ajuda da sua professora de português, no final do ensino secundário, escreveu um conto chamado “Código de Conduta”, com o subtítulo “Valdemar”, o nome da personagem principal. Este conto teve direito a uma segunda edição, agora mais prolongada e em formato de história, chamada “Código de Conduta: Dolores”, lançado em 2021. 

O jovem confessa ao Jornal A VERDADE que a sua paixão pelo cinema foi algo sempre presente, foi “sempre muito ligado à televisão” e via “tudo o que era filme e série”. “As minhas memórias mais antigas são de pegar em DVD’s e ver com os meus amigos, no intervalo, em minha casa e na casa deles”, conclui.

Quando questionado sobre o estado do cinema em Portugal, Miguel Ferreira confessa que, “para muita gente, gastar dinheiro a ver um filme ainda é um mau investimento”, afirmando que “as oportunidades são poucas, mas o importante é manter uma mente aberta e não desistir”

O escritor realça o papel importante que Portugal representa para a literatura, mas, “infelizmente, muitos não sabem disso, no entanto, Camões e Fernando Pessoa já estiveram aqui há muito tempo”. Afirma que deveria haver uma “sensibilização da população portuguesa para a cultura. Ir ao cinema, ir ao teatro, ler, ouvir música é muito importante”. No entanto, admite que cada vez mais a população portuguesa tem vindo a valorizar a cultura: “com a pandemia, as pessoas perceberam que é muito importante ter livros, música e filmes e recorrer a tudo isso em casa”.

A crescente utilização das plataformas de streaming, como a Netflix e a HBO, tem despertado algumas questões na atualidade e o jovem confessa que, “no início, não era fã nem gostava de ideia, só pensava que tirava público às salas de cinema”. Mas, com a pandemia, percebeu que “é algo positivo, visto que, para muita gente em Portugal, o acesso aos cinemas não é facilitado”

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Miguel Ferreira admite que “a experiência de ir ao cinema é sempre diferente e ver pelo ecrã do computador nunca vai ser o mesmo, mas é uma mais-valia, uma vitória para os dois lados, até porque há plataformas de streaming excelentes como o Filmin e a RTP Play”.

“O processo assusta muitas pessoas e faz com que nem queiram tentar”, contudo, o jovem aconselha todos os amantes de literatura e cinema, “acima de tudo, a tentar”. “Temos de pensar e ‘se correr bem?’ em vez de ‘e se correr mal’?”, sublinha. Miguel Ferreira conhece muitos colegas da faculdade que desistiram e foram pelo que parecia “mais acessível”, mas lembra: “só vivemos uma vez, se não aproveitarmos agora, não vamos aproveitar mais, temos de lutar pelo que gostamos de fazer”

Texto redigido com o apoio de Sofia Gomes, aluna estagiária da Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro