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O ano de 2013 começou da pior forma para Martim Anastácio e para a família. Com apenas 18 meses foi-lhe diagnosticado um tumor cerebral “muito agressivo”. Hoje, é um menino “muito feliz”, mas Carmen Costa recorda o momento do diagnóstico e os meses de tratamentos que se seguiram.

O instinto de mãe fazia-a acreditar que “algo não estava bem. O meu filho começou a ter uns sintomas estranhos, chorava e baixava a cabeça. Para além disso, andava e começou a ‘quebrar’ o andar. No dia 1 de janeiro foi quando se acentuou mais. Estava a dar-lhe de mamar, ele vomitou e desmaiou no meu colo“, conta.

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Seguiram-se idas ao hospital, para perceber o que se passava com o filho, “só que diziam que era uma virose, os sintomas indicavam que poderia ser isso”. A verdade é que continuaram e no dia 17 de janeiro chegava a confirmação do diagnóstico. “Procurei mais ajuda e encontrei um pediatra. Lembro-me que mediu a cabeça do meu filho e percebeu que algo não estava bem”. A realização de uma TAC (Tomografia Computorizada) confirmou as suspeitas. “Diagnosticaram um tumor cerebral. Este médico foi a nossa sorte”, garante Carmen Costa.

“Foi um buraco que se abriu”, é assim que recorda o momento em que recebeu a notícia. “Foi muito complicado. Lembro-me de ver os médicos a juntarem-se e percebi logo que algo não estava bem. Chamaram-me, pediram-me que ficasse mais calma e explicaram-me que era um tumor cerebral. Foram muito sensíveis comigo”.

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Foi um momento difícil para o pequeno Martim, mas também para os pais e a irmã, na altura com sete anos. “Eu tive de deixar de trabalhar e ficar com ele no hospital e deixava-a com a minha mãe. Mas ela percebia tudo e sofreu muito na escola, porque os colegas comentavam”, relembra a mãe. Apesar de contar com o apoio dos avós dos filhos, não esquece que foi “difícil para uma irmã, com aquela idade, perceber que tinha um irmão muito doente. E, para mim, também não foi nada fácil, porque embora o amor que tenho por eles seja igual, naquela altura tive de estar mais para ele, precisava mais. A menina ficou com o pai e com os avós”.

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Entre o diagnóstico e a operação poucos dias passaram e não houve “muito tempo para pensar. Disseram logo que o Martim ia fazer a cirurgia, porque era muito grave. O meu marido estava no estrangeiro e eu pedi se ele podia vir e eles disseram que não havia hipótese de esperar. No dia 21 foi operado e a seguir à cirurgia teve de iniciar os tratamentos”. Anos depois, esta mãe recorda um processo “muito longo. Foram três anos, porque fez quimioterapia, radioterapia e mais tarde, com dois anos, um autotransplante no IPO”.

Hoje, Martim tem 12 anos e é uma criança “feliz, meigo e muito amoroso”, mas com algumas “limitações” provocadas pela doença. “Infelizmente ficou com algumas sequelas. Não a nível físico, mas a nível motor e de aprendizagem. Prejudicou-o na fala e no ensino não consegue acompanhar os colegas“. No entanto, a mãe “sempre presente” procura “fazer de tudo” para o ajudar. “Não sou a melhor mãe do mundo, mas tento dar o meu melhor. Ele foi crescendo e nós fomos explicando tudo o que se passou. Achamos importante, porque vai tendo limitações e tem de saber de onde vêm”.

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Dez anos depois, esta família tem bem presentes todos os momentos “difíceis” pelos quais passou, mas Carmen Costa garante que a doença também lhe trouxe “uma forma diferente de ver a vida. Trouxe-me uma aprendizagem gigante. Fiquei muito sofrida e revoltada na altura, mas pensamos ‘se teve de ser para ele, é porque Deus sabia o que estava a fazer’. Dizem que as grandes batalhas são dadas a grandes guerreiros e ele veio com alguma missão. Sem dúvida que o cancro mudou a vida da nossa família. Enquanto casal, houve alturas em que nos chateamos, porque é um misto de emoções muito grande, a situação uniu-nos mais. Temos os nossos problemas, como todas as famílias, mas ficamos uma família muito mais unida”, garante.

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Enquanto mãe, esta cinfanense deixa uma mensagem de “força” a outras famílias e garante: “É difícil e doloroso, mas no fim quando vencerem vão olhar para trás e ver que vale a pena. Há alturas em que ficamos sem forças, mas por eles voltamos a reerguer-nos e a ter a força de vontade. E os filhos sentem isso”.