marisa teixeira velinhas endoencas marco canaveses penafiel
Publicidade

A tradição de colocar as tigelinhas para as Endoenças começou com o avô de Marisa Teixeira ainda em Entre-os-Rios, anos mais tarde, os seus pais assumiram a herança e, com a mudança para Alpendorada, Várzea e Torrão, no concelho do Marco de Canaveses, levaram a cabo a tradição nesta freguesia, sem nunca esquecer o carinho por Entre-os-Rios (Penafiel).

Marisa Teixeira prepara-se para as Endoenças com antecedência e no dia “faz de tudo” para estar livre. A tradição de colocar as tigelinhas começou com o avô, passou para o pai, depois para a mãe e, hoje em dia, é a filha, Marisa Teixeira, e também a mãe, Conceição Vieira, que estão à frente, mas agora com a função de distribuir as tigelinhas, já que a colocação fica a cargo da junta de freguesia.

Conceição Vieira está ligada a esta tradição desde que se lembra, nasceu em Entre-os-Rios, na rua Santo António, e, por isso, viveu as Endoenças de forma “marcante” ainda em criança.

Ao prosseguir com as Endoenças, Marisa Teixeira sente que honra o avô, responsável por trazer as tradições para o seio familiar. Ainda nova, Marisa recorda-se de ir ajudar o avô e de ganhar, do pai, “um preço simbólico. Andavamos todos contentes que já tínhamos ganho o dia com estas tigelinhas”, recorda.

Na altura em que o avô tratava das Endoenças, as tigelinhas ainda eram “em barro. Depois as pessoas iam buscar e na outra semana tinham de lavar para entregar”, partilha.

Enquanto puder, Marisa Teixeira vai continuar a envolver-se nas tradições. “Eu não deixo, porque já sei que para este dia tenho as coisas preparadas de forma a que o possa fazer sempre”.

A marcoense, embora também se sinta penafidelense, é mãe de uma menina e sempre que pode e existe essa vontade envolve a filha nas Endoenças. “Acho que esta nova geração é um bocado diferente. Na procissão das endoenças, a minha filha vai vestida de figura bíblica, mas está se a perder um bocadinho e acho que, também nós, pais, temos o papel de os incentivar e ligá-los a estas tradições”.

Para Marisa Teixeira, é preciso que haja pessoas “com garra e dinâmicas” que queiram dar continuidade às tradições. “Há já muitas coisas que se vão perdendo e esta pode ser uma delas. Era triste, porque é uma procissão única na região e as tigelinhas dão um ser diferente à cerimónia”.

Enquanto Marisa Teixeira puder, de tudo fará para não deixar as tradições caírem no esquecimento. Em Entre-os-Rios acompanha o compasso, e, em conjunto com uma colega, continua “a enfeitar as cruzes para ficarem vistosas. Pedimos flores, enfeitamos e, embora já não estejamos lá a morar, tentamos ter sempre disponibilidade nestes dias”.

Para este ano só há um fator que entristece a responsável pelas tigelinhas: “o tempo. Ao que tudo indica vai chover. É pena. É ingrato”, mas continua a ser “a melhor forma de começar a celebrar a Páscoa”.