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Ser mãe é um sonho que muitas mulheres têm. Um sonho que, muitas vezes, requer muita luta para ser concretizado. Maria Rosa Silva dá o testemunho na primeira pessoa e após quatro abortos, optou pela adoção. Três anos depois tornou-se mãe de Ricardo. 

“Sempre tive o sonho de ser mãe”, começa por dizer, em entrevista ao Jornal A VERDADE, acrescentando que, “logo na primeira gravidez, as coisas começaram a correr mal. Fiquei grávida e, perto dos seis meses, acabei por abortar”, recorda.

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Os médicos disseram-lhe que “era algo que podia acontecer”, então decidiu tentar novamente e, mais uma vez, as coisas não correram como esperado. O mesmo aconteceu na terceira gravidez. “Os médicos começaram a fazer exames para ver se havia algum problema comigo e concluíram que não. Mas disseram-me que, quando engravidasse novamente, ia fazer uma pequena cirurgia. E assim foi, quando engravidei a quarta vez, fui fazer essa pequena cirurgia e pensei que daquela vez ia correr bem”, contou.

Contudo, não foi assim. Acabou por perder novamente o bebé. “Estava em repouso e senti umas picadas, fui ao médico de família e ele mandou-me de urgência para a Maternidade Júlio Dinis. Lá fiquei internada e, no terceiro dia, perdi o bebé numa cama do hospital”, lamentou.

Depois desta quarta gravidez, que não foi bem sucedida, Maria Rosa Silva ficou “desanimada”, uma vez que o sonho de ser mãe “estava cada vez mais longe”. Ficou internada durante alguns dias e, num desses dias, recebeu a visita de uma voluntária do hospital. “Eu estava muito mal. A senhora perguntou-me o que eu tinha e eu expliquei-lhe a minha história. Ela perguntou-me porque é que eu não adotava e deu-me o número da segurança social”, apontou.

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Aquela ideia “ficou na cabeça” desta mãe e, cerca de dois meses depois, após uma conversa com o marido, decidiram avançar para o pedido de adoção. “Marcamos a primeira entrevista e começamos o processo. Tivemos várias entrevistas, até mesmo com a psicóloga. Numa dessas vezes, contou-me que tinham retirado um menino à família biológica e eu perguntei-lhe se não podia ficar com ele. A psicóloga disse que o processo não podia ser assim, mas eu já sabia”, recorda.

Esta família ficou, então, na lista de espera para adotar uma criança, sendo que o processo deles foi deferido. Até que, três anos depois do início do processo, Maria Rosa Silva recebe uma chamada da segurança social. “Disseram-nos que tinham um menino que gostariam que o fossemos conhecer, que tinha um problema de dicção e que só o podíamos conhecer se, efetivamente, estivéssemos preparados. Falei com o meu marido e decidimos avançar”, disse.

Marcaram, então, a primeira saída, que aconteceu numa segunda-feira. No fim de semana anterior, o casal foi a Fátima e lá compraram um “carrinho dos bombeiros” que era um dos brinquedos preferidos do pequeno Ricardo. “Nessa segunda-feira fomos conhecer o Ricardo. Lembro-me muito bem da primeira vez que o vi, são coisas que não se esquecem. Era o meu filho que ali estava”, garantiu.

Nesse mesmo dia, Ricardo chamou a Maria Rosa “mãe pela primeira vez”, o que a deixou “muito emocionada”. Houve mais uma visita, desta vez a casa do casal, e o pequeno Ricardo já não quis ir para a família de acolhimento, onde estava desde os dois anos. “Tudo dependia dele. Ele viu o quarto, a bicicleta, viu tudo e quis ficar. Nessa noite fomos buscar a roupa a casa da família de acolhimento e, a partir desse momento, o Ricardo ficou connosco”, afirmou, com lágrimas nos olhos.

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Nos primeiros tempos, Ricardo “não largava” a mãe, com receio de que “o deixasse. Mais tarde, perguntou- me porque é que eu tinha demorado tanto tempo a ir buscá-lo”.

A família teve de fazer mais umas visitas à segurança social e, numa das vezes, a psicóloga que acompanhou o processo revelou a Maria Rosa Silva que o Ricardo “era o menino, de dois anos, que tinham retirado à família e que ela tinha partilhado comigo. Disse-me: ‘não lhe dei o menino na altura, mas dei-lhe agora. Cuide bem dele e não o deixe sofrer’”, contou.

Maria Rosa Silva garante nunca se ter zangado com a vida nem com Deus. “Tudo o que me aconteceu estava destinado para mim. Se eu não tivesse passado por essas coisas, hoje não conhecia o meu filho e, se calhar, o Ricardo precisava mais de mim. Se Deus colocou esta criança na minha frente, vai ser esta criança que eu quero conhecer. Mesmo antes de conhecer o Ricardo, já estava decidida que ia ser este o meu filho”, afirmou.

Para os pais que estejam a passar pelo mesmo processo, Maria Rosa Silva deixa o conselho: “não tenham receio, eles precisam muito de nós e nós deles. Se entregar tudo na mão de Deus, tudo corre bem. Não tenham medo de adotar uma criança, para mim o meu filho é tudo. Se tivermos um filho dentro de nós, não o vamos desenhar como queremos, porque ele vem como Deus quer. Neste caso é a mesma coisa. Se nos põe uma criança na nossa frente, é porque é para nós. Não percam a esperança, adotem”.

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