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Foi aos 14 anos que Maria Isabel Correia Soares, natural de Vila Cova, começou a história na arte da tecelagem, que aprendeu com a mãe. “Gosto de tecer. Sempre que vou ao pé do tear, canto duas cantigas, faz-me lembrar os tempos antigos”, começou por partilhar a penafidelense de 77 anos.

Durante anos, viveu dos tecidos até que, aos 38 anos, surgiu uma nova oportunidade. A conhecida feira da Agrival, em Penafiel, procurava cesteiras e Maria Isabel decidiu aprender a técnica com a avó. “Como, na feira, havia muitas tecedeiras decidi começar a fazer as cestas”, conta.

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A dedicação foi total e chegou a trabalhar até às quatro da manhã para sustentar os filhos. “Quando não tenho varas para as cestas, dedico-me à tecelagem”. Apesar do amor pelas duas artes, a penafidelense acredita que, um dia, ambas poderão desaparecer, pois os materiais estão “a tornar-se escassos”. A filha já segue os passos, mas os netos, admite, não parecem interessados em continuar a tradição. Mesmo assim, Maria Isabel acredita que qualquer pessoa pode aprender. “É uma arte fácil. Quem fizer uma, faz um cento“, diz em tom de brincadeira.

Aos 63 anos sofreu um AVC e teve de parar de trabalhar durante um longo período. No entanto, tempos depois, retomou a atividade e, ainda hoje, sente paixão pela cestaria e pela tecelagem. Nas feiras, especialmente na Agrival, leva cerca de 40 cestas e continua a criar “pelo menos uma por dia para que as pessoas possam ver a arte a ganhar forma”. Em apenas “três ou quatro horas”, as mãos hábeis transformam simples varas numa cesta pronta a ser usada.

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Artigo redigido com o apoio de Vitor Carvalho, aluno estagiário da Universidade Fernando Pessoa.