Era uma vez, numa véspera de Natal fria e iluminada por muitas luzinhas, uma pequena gatinha de pelos pretos e cor de mel vaguiava sozinha pelas ruas de Alpendorada. Ela estava com frio e fome, mas o que mais sentia era a solidão.
As pessoas passavam apressadas, entravam e saiam da loja da nossa mãe, com sacolas cheias de presentes, mas ninguém parecia notar na pequena gatinha, que olhava o mundo com olhos curiosos e tristes.
A Helena e eu (Maria) estávamos a sair da padaria com nossa mãe quando a vimos pela primeira vez. Ela estava encolhida perto do nosso carro tentando proteger-se do vento gelado. Paramos imediatamente.
— Olha, Maria um gatinho! — disse Helena, ao mesmo tempo que puxava a minha mão.
Chegamos perto e percebemos que ela não era um gatinho mas uma gatinha!
Era muito pequenina, com bigodes curvados e uma expressão que partia o coração. Pegamos um pedacinho do pão que tínhamos e oferecemos. Ela comeu tão rápido que parecia não comer há dias.
— Podemos leva-la para casa? — perguntamos juntas à nossa mãe.
A mãe ficou em silêncio por um momento, olhando para a gatinha. Então, sorriu e disse:
— Vamos cuidar dela mas só até encontrarmos uma solução, combinado?
Arranjamos uma casota na arrecadação com uma mantinha, demos de comer e tratamos dela.
Chamamos-lhe de Mel, porque os seus olhos eram na cor de mel e os tinha o pelo brilhante com vários vários tons de castanho que fazia lembrar o mel.
Mas descobrimos logo que cuidar de um gatinho não era tão simples. Ela precisava de um lugar quente para dormir, comida especial e, principalmente, muito amor. No dia seguinte, a mãe recebeu uma ligação de uma amiga. Ela contou sobre a Mel e, para nossa surpresa, a amiga disse que conhecia alguém que estava a procurar um gatinho para adotar.
A Helena e eu ficamos tristes. Não queríamos despedir-nos da Mel. Quando conhecemos a Dona Sandra, percebemos que ela seria perfeita para ela. Ela era uma senhora simpática, e que lhe tinha morrido um gatinho à pouco tempo, por isso, tinha a casa cheia de mantinhas, brinquedos para gatos e uma casa quentinha com muito amor para dar.
No dia de Natal, entregamos Mel para Dona Sandra. Foi um momento difícil, mas quando vimos a Mel ronronando feliz no colo dela, entendemos que fizemos o que era certo.
A mamã abraçou-nos e disse:
— O Natal é sobre amor, e o amor sempre cresce quando compartilhado.
Naquela noite, a Helena e eu fomos dormir felizes.
A Mel tinha encontrado uma nova família.