Desde os 14 anos que Maria da Glória Pereira, natural de Rio de Galinhas, mais concretamente da Tapadinha (Marco de Canaveses), suja as mãos no assador para fazer castanhas “quentinhas e saborosas” para as gentes da terra.
Nunca teve medo de trabalhar e, “enquanto puder”, irá continuar a fazê-lo. Com 90 anos em cima das costas, Maria da Glória Pereira continua uma tradição de família: assar castanhas na rua. “As minhas avós e vizinhas vendiam castanhas e como faleceram fiquei eu”, conta ao Jornal A VERDADE.
Todos os dias, sem folgas nem férias, a assadora de castanhas acorda e, a pé, vem até junto do tribunal, local onde se instalou há alguns anos, para fazer as delícias da população. “Sempre vendi no centro da cidade, mas já há muitos anos que me instalei aqui. Venho para aqui todos os dias, limpo tudo e fico”, partilha.
Maria da Glória Pereira é uma mulher de muito trabalho que sempre procurou pôr “pão na mesa de casa. Se fossem vivos tinha dez filhos, mas tenho oito, quatro raparigas e quatro rapazes, passei muito trabalho para os criar, Graças a Deus. Cuidei e lutei sempre pelos meus filhos”, destaca.
A par das castanhas, também andou nas limpezas e não havia “cansaço” que a parasse. “Trabalhava de manhã à noite, fazia muita coisa, a verdade é que vivia sempre a trabalhar”.
Embora tenha dedicado a vida a criar os filhos, atualmente admite que trabalha para si e tem a ajuda dos filhos, a quem é muito grata. Segundo a própria, não há ninguém que não a conheça em Marco de Canaveses e arredores e, até, há quem venha de longe para comer as suas castanhas. “Toda a gente é minha amiga, Graças a Deus”, realça, acrescentando, convicta, de que “não há castanhas como as minhas. Vêm as mesmas pessoas comprar castanhas todos os anos e algumas de longe”, confessando que são produto “natural. Compro-as diretamente aos lavradores”.
Com o São Martinho a bater à porta, a nonagenária partilha que já tem “várias encomendas”, mas que, como tudo, “há uns dias piores e outros melhores”.
No dia em que celebra 91 anos – 31 de outubro -, Maria da Glória Pereira afirma: “enquanto conseguir vou continuar a vender castanhas. Peço uma ano de cada vez ao Senhor”.