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Marco: Tabuado vai plantar 2000 árvores autóctones nas próximas semanas

Redação

Na sequência do incêndio "devastador" que afetou a freguesia de Tabuado, no concelho do Marco de Canaveses, em setembro de 2024, a junta de freguesia, em parceria com a Iris - Associação Nacional de Ambiente, submeteu uma candidatura ao projeto Floresta Comum, que resultou na oferta de duas mil árvores para a criação de um novo espaço "verde, autêntico e resiliente".

Este projeto teve início esta sexta-feira, 17 de janeiro, com a presença de alunos e do professor João Carvalho, especialista em Engenharia Florestal e Silvicultura e professor na UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), que ministrou uma lição de campo, isto é, compreender como escolher a melhor espécie de árvore em função do local de plantação, a forma correta de o fazer, o distanciamento necessário, entre outros aspetos. Já nos três sábados seguintes, 18 e 25 de janeiro e 1 de fevereiro, entre as 10h00 e as 12h00 e das 14h00 às 17h00, serão plantadas duas mil árvores para ser criado um bosque autóctone.

O presidente da Junta de Freguesia de Tabuado, José Fernando Barbosa, partilhou os detalhes de um projeto ambiental que visa transformar a paisagem local e inspirar outras regiões. O plano nasceu após o último grande incêndio que devastou a área. "Foi um dos piores dias enquanto presidente da junta, nestes três mandatos. Sabíamos que tínhamos de agir. Pode não ser suficiente, mas queríamos dar um sinal e dizer: 'Basta! Temos de seguir outro caminho'", afirmou.

Depois do incêndio, foi realizado um Estudo de Viabilidade e Necessidade Ambiental para recuperar os solos afetados. "Fizemos uma candidatura para a plantação de árvores e fomos contemplados com duas mil. Depois, várias associações começaram a contactar-nos e manifestaram vontade de serem parceiras. Tudo isto nasceu da consciência de que tínhamos de fazer algo para mudar os ciclos normais dos incêndios, criar uma floresta mais resiliente, menos inflamável." O envolvimento de especialistas, como o professor João Carvalho, também foi fundamental. "Contar com pessoas que têm conhecimento aprofundado, como o professor João, é essencial. Ele irá ensinar-nos técnicas e conceitos que poderemos implementar no terreno", explicou.

José Fernando Barbosa destacou a importância de envolver a comunidade, especialmente as crianças e as famílias, neste esforço. "Queremos plantar uma semente de consciência. Se conseguimos sensibilizar as crianças, os pais também serão influenciados, porque os pais acabam por fazer aquilo que os filhos pedem." O projeto procura não apenas reflorestar, mas promover a biodiversidade. "Estamos a falar de espécies autóctones, como sabugueiros, carvalho, freixo, azevinho, entre outros, que ajudam não só na resistência ao fogo, mas também nos ciclos de vida da fauna local", acrescentou.

A mobilização da comunidade tem sido uma das conquistas mais significativas. "No dia 25 vamos encerrar as inscrições, porque já temos cerca de 200 pessoas confirmadas. Estamos a falar de escuteiros, alunos, pais, avós e a comunidade da paróquia. Esta união é algo muito positivo e que esperamos que continue", afirmou o autarca. José Fernando Barbosa acredita que o projeto pode ser um exemplo para o resto do país. "Cada um de nós deve fazer a sua parte para alterar o curso das catástrofes. Não podemos esperar que o vizinho faça o nosso trabalho. Se todos contribuirmos, podemos criar uma mudança real".

A iniciativa foi acompanhada por João Carvalho que realçou a importância destas atividades: "A UTAD é um parceiro do projeto Floresta Comum e, normalmente gosta de acompanhar algumas das ações. Este ano, pelas circunstâncias que desenvolveram foi aqui, também por iniciativa da junta de freguesia, UTAD e de outras organizações que vão estão a colaborar".

Para ir ao encontro do objetivo da 'Floresta Comum', o professor João Carvalho promoveu uma ação de educação ambiental junto da comunidade escolar, realçando que nestes projetos é preciso "envolver a comunidade. A mudança é feita através da consciencialização de todas as faixas etárias, e em especial dos mais jovens", reiterou. 

Bruno Monteiro, coordenador da Proteção Civil do Marco de Canaveses, também marcou presença na atividade e realçou que cabe à entidade estar "sempre associada a questões relacionadas com a defesa do ambiente, neste caso, a floresta em particular. Como é sabido, nós temos uma ação direta na proteção da floresta, nomeadamente contra os incêndios".

Na sequências dos incêndios "devastadores" que deflagraram em 2024, o objetivo da Proteção Civil passa por os "evitar de alguma maneira" e plantar árvores de forma organizada é um deles. "É trazer a Proteção Civil à genes da questão. Acompanhamos desde início o processo da defesa da floresta e por isso vimos com bons olhos estas iniciativas".

Uma missão que considera que deve ser transversal a todo o concelho, mas que tem alguns entraves. "Julgo que há esta aceitação por parte do município de fazer replicar esta iniciativa. No entanto, no Marco de Canaveses nós não temos uma área florestal pública, portanto há sempre a necessidade de contacto com os privados e isto leva a algum tempo", dando Tabuado como um exemplo de sucesso: "a freguesia conseguiu estabelecer um protocolo de cooperação com privados, no qual este espaço será gerido pela junta de freguesia durante um determinado tempo e depois voltará aos privados quando isto já tiver um nível de maturidade que nos permita criar uma área de defesa da floresta que possa ser mais resiliente aos incêndios", explicou. 

Ainda no que toca aos privados, Bruno Monteiro deixou uma mensagem de consciencialização: "99% da floresta no Marco de Canaveses é privada. Entendemos a dificuldade, nomeadamente, da questão da mão de obra, da dificuldade em gerir a floresta. No entanto, estes incêndios também são uma oportunidade para repensarmos e, no caso dos particulares em concreto, de repensar como reflorestar o espaço que lhes é devido. E para esse efeito podem contar com o Serviço Municipal de Proteção Civil para os aconselhar a todos os níveis". 

Os interessados devem inscrever-se através do seguinte link ou através do preenchimento de um formulário que deverá ser entregue posteriormente na Junta de Freguesia de Tabuado ou enviado por e-mail: [email protected]

Como chegar ao local: https://maps.app.goo.gl/bYiuQHTAx8qmq6A99