“Começou a guerra” é a frase mais lida pela internet esta quinta-feira, dia 24 de fevereiro. Durante a madrugada, a Rússia desencadeou uma ação militar sobre o território ucraniano e já são várias as consequências sentidas nesse país: supermercados sem produtos, postos sem combustível, multibancos sem dinheiro e, sobretudo, o medo eminente.
Olga Lenchyna nasceu na parte russa da antiga URSS e foi ainda criança para a parte ucraniana, mas, em 2001, instalou-se em Portugal, vivendo hoje na freguesia de Bem Viver, em Marco de Canaveses, com o marido e os dois filhos. Uma das irmãs e a mãe vivem ainda na Ucrânia e, apesar de não estarem no epicentro da discórdia, não sabem qual vai ser o seu futuro. “Querem fugir, mas não têm hipótese”, desabafa. Como não têm carro, não conseguem deslocar-se, pois os transportes públicos não estão em funcionamento, e quem tem aguarda em “filas grandes”.
Na semana passada, quando já se falava sobre esta questão, a irmã tinha vindo visitá-la a Portugal com uma amiga e “chorava no aeroporto”, com receio de não conseguir regressar à Ucrânia. A amiga ficou com COVID-19 e teve de esperar até esta semana e, nesta quarta-feira, já “ficou bloqueada no aeroporto”, em Itália, encontrando-se num hotel a aguardar para ser encaminhada para a Polónia.
Quem vive perto de Kiev assiste a outra realidade também alarmante: “Hoje falei com a esposa do meu primo. Eles já ouviram hoje de manhã que foram bombardeados os centros de estudo. Não sabem o que fazer. Nenhum lado é seguro agora. Muita gente ficou sem casas”, acrescentou.
No entanto, Olga Lenchyna lembra que “o conflito começou há oito anos” e “nunca acabou”, sendo que já morreram milhares de pessoas. Esta quinta-feira “entrou na fase mais ativa”, mas “foi mesmo muito inesperado”, porque “já há muito tempo falavam”.
Por agora, a altura é de incerteza, desespero e tristeza, mas o desejo é de “paz” e que os políticos “encontrem soluções”. Mantém o contacto com a família, mas é “muito complicado” e não faz “a mínima ideia” de como serão as próximas semanas.
Embaixada de Portugal na Ucrânia aconselha portugueses a sair do país
A Embaixada de Portugal na Ucrânia aconselhou esta quinta-feira os cidadãos portugueses, em comunicado, “a que saiam da Ucrânia através das fronteiras terrestres com a União Europeia, preferencialmente na direção da Polónia e da Roménia”. O comunicado aconselha ainda a que os cidadãos transportem consigo água, alimentação, agasalhos e combustível de reserva (caso se desloquem em viatura própria), sendo que devem levar também os seus documentos de identificação e viagem.
Em caso de necessidade, existem os seguintes dois pontos de concentração organizados pela Embaixada que poderão ser utilizados:
Local 1: Rivne
Morada: FAPOMED – Vulytsya Ostroz’koho 46, Hoshcha 35400, RIVNE
Local 2: Khmelnytskyi
Morada: HOTEL TAMERLAN – Estrada Nizhnia Bierieghova 2, Khmelnytskyi, 29000, Ucrânia
Telefones alternativos de contacto para emergência/evacuação são:
+380 981 769 334
+881 632 560 794