Mário Bruno Magalhães, vereador da Câmara Municipal do Marco de Canaveses, anunciou que solicitou a demissão do Partido Socialista (PS). Em carta dirigida ao presidente do partido, Carlos César, refere que esta decisão tem sido ponderada "há aproximadamente um ano, mas não quis consumá-la antes de participar na votação do novo secretário-geral do partido, direito que entendi não renunciar".
De acordo com Mário Bruno Magalhães, "os motivos da minha decisão são apenas e só as divergências com a atual liderança da concelhia do Marco de Canaveses e gestão autárquica da atual presidente de câmara".
Recorde-se que Mário Bruno Magalhães foi presidente da Junta de Freguesia de Santo Isidoro e Livração, entre 2013 e 2017. "Considerava, então, e continuo a considerar que os valores do PS são aqueles que melhor servem uma sociedade mais justa e equitativa". Em 2017 foi segundo na lista candidata à Câmara Municipal do Marco de Canaveses, pelo PS, lista que acabou por vencer as eleições e o socialista ocupou o cargo de vice-presidente.
Segundo o vereador da autarquia, "logo de início, a presidente da câmara mostrou um comportamento autoritário com a vereadora eleita, Dra. Alexandra Rabaçal, que levou a que não lhe fosse atribuído qualquer pelouro, contrariamente ao acordado em período eleitoral. Ficando assim o executivo reduzido a três vereadores em funções. Comportamento imperioso que manteve durante todo o mandato autárquico".
O PS venceu novamente as eleições em 2021 e Mário Bruno Magalhães assumiu novamente o cargo de vice-presidente. "No decorrer do mandato e com o agendamento das eleições internas à concelhia do PS para 8 de outubro de 2022, formalizei via e-mail junto da atual presidente da concelhia a minha intenção de ser candidato à estrutura partidária de Marco de Canaveses. Intenção essa previamente acordada com a presidente da concelhia. Dez dias após ter informado os militantes acerca da minha candidatura à concelhia, fui surpreendido, através do jornal local, com a notícia de que a atual presidente da concelhia também era candidata à mesma estrutura partidária", disse.
Nesta sequência, a presidente da concelhia e da autarquia do Marco de Canaveses viria a anunciar a retirada de confiança política a Mário Bruno Magalhães. "Importa referir que mais uma vez a presidente do PS Marco e presidente da câmara usou de uma atitude de prepotência não consultando nem o secretariado, nem a comissão política concelhia do partido", acusou, acrescentando, na mesma carta que "de forma contraditória, a presidente da câmara inicialmente justifica a retirada dos pelouros com "[...] o Sr. Eng. Mário Bruno Magalhães várias vezes assumia compromissos com os munícipes que não conseguia cumprir [...] ". Mais tarde, em assembleia municipal, teatraliza uma cena envolvendo caixotes que a mesma diz conterem dezenas de processos cujo andamento se encontrava atrasado devido a falhas da minha responsabilidade. Por não corresponder à verdade, questionei em todas as reuniões de câmara até ao momento para que a sra. presidente me apresentasse o mapa resumo da minha atividade autárquica à data de 5 de setembro de 2022. Pedidos para os quais ainda aguardo resposta".
Em jeito de conclusão, Mário Bruno Magalhães reiterou que a decisão se deve "a divergências" e "ao comportamento da atual presidente da concelhia, bem como, pela gestão autárquica que teima em levar a cabo. Pelos valores da liberdade, igualdade e fraternidade, sinto-me pessoalmente mais livre para continuar a dar o meu contributo ao debate político na qualidade de vereador independente".