O Centro de Saúde de Tabuado, que pertence à Unidade de Saúde Familiar de Alpendorada, no concelho de Marco de Canaveses, incentivou um projeto que pretende ensinar os mais pequenos a reagir a um AVC. O projeto, que leva os profissionais de saúde até às escolas, é da responsabilidade da enfermeira Sandra Martins.
No passado dia 22 de junho, os profissionais de saúde foram até à EB1 de Tabuado ensinar os alunos. “Este é um projeto internacional. Fui convidada pela Sociedade Portuguesa do AVC para, juntamente com uma colega de serviço, dinamizar este projeto”, começou por explicar Sandra Martins.
Foi o médico Rui Correia, daquele centro de saúde, que conheceu o projeto e teve a iniciativa de o trazer até Tabuado. “É um projeto muito giro, que tenta alertar a população, o objetivo foi salvar uma vida de cada vez, ou seja, ensinar as crianças a conhecerem os principais sinais e sintomas do AVC, fazerem a sua deteção precoce e ligarem corretamente para o 112, que é o chamado número mágico, que é um pedido de ajuda eficaz e correto e de que forma é que o devemos fazer”, disse.
A enfermeira afirmou que se apaixonou pelo projeto desde o início. “Tem imagens fantásticas, vídeos muito animados, muito coloridos. As crianças costumam adorar, somos muito bem recebidos e é uma mensagem muito importante. Estou todos os dias com doentes que tiveram AVC e muitas vezes as pessoas ficam incapacitadas para o resto da vida porque não ativaram a emergência, não foram para o hospital certo, desvalorizaram os sintomas, mas vieram fora de janela e nós não pudemos ajudar da melhor forma possível. A verdade é que 80% dos AVC podiam ser evitados se houvesse um controlo dos fatores de risco, e isto é uma mensagem que nós também tentamos passar às crianças”, explicou.
O objetivo passa também por sensibilizar os mais novos “para os estilos de vida saudáveis, uma alimentação saudável, exercício físico, ir regularmente ao médico, dormir bem, tentar reduzir o consumo do sal, das gorduras, dos fritos, uma série de coisas se formos habituados e alertados desde pequenos, tivermos presentes e passarmos à nossa família acabamos por conseguir estilos de vida mais saudáveis, futuros adultos mais saudáveis e tentar mudar um bocadinho”.
O feedback do projeto tem sido “muito positivo”, sendo que o principal objetivo é “reduzir a taxa e a prevalência de AVC. Portugal é um dos países com maior taxa de mortalidade e morbilidade abaixo dos 65 , o que é bastante preocupante e estamos a falar de pessoas que ainda estão numa faixa ativa e que ficam um peso para a sociedade, um peso para a família, muitas vezes associados à ansiedade, medos a depressões e que podiam ser prevenidos, se houvesse um bocadinho desta consciencialização. Eu acredito que uma missão completa, abordando todas as escolas com este projeto, vai criar uma sociedade cada vez mais saudável e cada vez mais ativa na prevenção destes sinais e sintomas e não só nesta doença, mas nas outros doenças também”.
O facto de, nestas localidades, algumas das crianças ficarem com os avós depois da escola é também um dos motivos que levou o médico Rui Correia a a trazer esta sessão até Tabuado. “Se conseguirmos passar esta mensagem às crianças, elas vão passar aos seus avós e vamos salvar um avô de cada vez. Há também contato com amigos, com os vizinhos, com os pais, porque hoje em dia os AVC acontecem cada vez numa fase mais precoce da vida, portanto, já não estamos só salvar os avós, nós até estamos a salvar os próprios pais”, frisou.
Sandra Martins afirmou terem sido “muito bem recebidos em Tabuado. Todos estiveram muito atentos, fizeram imensas questões, mostraram-se sempre a compreender muito bem todo o contexto que nós lhe passamos, os sinais principais, ligar para o 112, o que dizer quando ligamos para o 112… E depois convidamos também os bombeiro e houve também uma demonstração, feita pelas crianças. Estavam também alguns pais presentes, que foram convidados, foi muito giro”.
