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Marco: Castorina Vieira é uma das vencedoras do Environmental Geotechnics Prize 2023

Redação

Castorina Silva Vieira é natural da freguesia de Bem Viver, do concelho do Marco de Canaveses, e venceu o prémio Environmental Geotechnics Prize 2023, pelo artigo "Sustainable environmental geotechnics practices for a green economy" (Práticas sustentáveis de geotecnia ambiental para uma economia verde) publicado em fevereiro de 2022.

É professora associada do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), diretora do Laboratório de Materiais de Construção e vice-presidente do Instituto para a Construção Sustentável (Associação científica e técnica sem fins lucrativos, que funciona como interface do conhecimento entre a comunidade científica e a indústria). Frequentou o ensino no Marco de Canaveses, até ingressar no ensino superior, em 1990.

O artigo premiado conta com Castorina Silva Vieira como uma das autoras. Em entrevista ao Jornal A VERDADE, conta que teve conhecimento da conquista em junho de 2023. "O prémio foi entregue durante uma cerimónia, a ICE Award Ceremony, que teve lugar no passado mês de outubro, nas instalações do ICE em Londres e na qual, por motivos profissionais, não pude estar presente", descreveu.

Refira-se que o Environmental Geotechnics Prize 2023 (Prémio Geotecnia Ambiental 2023) é um prémio atribuído anualmente, desde 2016, pela Institution of Civil Engineers – ICE do Reino Unido.

De acordo com a marcoense, o artigo premiado "é um trabalho muito peculiar porque envolveu 26 autores, de 11 países, entre os quais dois autores portugueses: eu própria e o engenheiro António José Roque, Investigador Principal no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, que é o primeiro autor do artigo e foi quem liderou todo o processo associado à sua produção".

Como todos sabemos, os efeitos das alterações climáticas que se têm vindo a fazer sentir e a, cada vez maior, perceção dos cidadãos de que os recursos naturais são finitos, evidenciam que é inevitável tornar a sociedade mais sustentável.

Este artigo "resultou de um trabalho colaborativo entre os vários autores, desenvolvido entre 2020 e 2021, e que só foi possível graças às novas tecnologias que nos permitem estar em contacto permanente, mesmo a milhares de quilómetros de distância. Começamos a trabalhar no artigo durante o confinamento provocado pela COVID-19. Como todos sabemos, os efeitos das alterações climáticas que se têm vindo a fazer sentir e a, cada vez maior, perceção dos cidadãos de que os recursos naturais são finitos, evidenciam que é inevitável tornar a sociedade mais sustentável. Tentando não ser demasiado técnica, posso dizer que a Geotecnia, enquanto ramo da Engenharia Civil, pode dar contributos significativos para o desenvolvimento sustentável na indústria da construção, projetando e implementando soluções que respeitem a preservação do meio ambiente".

De acordo com Castorina Vieira Silva, o principal objetivo do artigo passou por "realçar algumas contribuições que a Geotecnia Ambiental (área que envolve conhecimentos da Engenharia Civil e da Engenharia do Ambiente, entre outras) pode trazer para o desenvolvimento de tecnologias e práticas mais sustentáveis, destacando o importante papel desta área para o estabelecimento de uma economia verde, isto é, mais sustentável, na era pós-COVID-19. No artigo fala-se na minimização dos resíduos, na promoção da reutilização e da reciclagem, na melhoria dos sistemas de gestão de resíduos, na necessidade de reduzir as ameaças de contaminação do solo e das águas subterrâneas e noutras ações que permitam reduzir a pegada de carbono e as emissões de gases com efeito de estufa".

Para Castorina Silva Vieira, esta distinção é "positiva. É sempre bom ver o nosso trabalho reconhecido, mas confesso que não dou demasiada importância a estas distinções. Para mim, o mais importante é sentir que o trabalho que desenvolvo, juntamente com as pessoas que comigo trabalham, pode ter impacto na sociedade. Tive conhecimento desta distinção em junho de 2023 e nesse dia ficamos todos muito contentes pelo reconhecimento do nosso trabalho. Trocamos entre nós imensos emails e mensagens. Foi quase por acaso que esta distinção foi divulgada, a semana passada, nas redes sociais do Departamento de Engenharia Civil da FEUP, acabando também por ser divulgada pela Ordem dos Engenheiros Região Norte".

Continuo a visitar com regularidade a 'minha terra', onde os meus pais residem, onde tenho familiares e amigos, e onde faço questão que todos me continuem a tratar pelo meu diminutivo

Com esta distinção, Castorina Silva Vieira leva também o nome do Marco de Canaveses mais longe. Embora não resida no concelho, garante ter "muito orgulho" ao dizer que é de Favões (Bem Viver). "Continuo a visitar com regularidade a 'minha terra', onde os meus pais residem, onde tenho familiares e amigos, e onde faço questão que todos me continuem a tratar pelo meu diminutivo (que não posso revelar!), apesar de já ter ultrapassado o meio-século. Talvez a divulgação seja importante para mostrar que alguém que cresceu fora dos grandes centros urbanos, que fez a sua formação na escola pública de uma pequena cidade e cujos pais não têm formação académica superior, pode obter reconhecimento internacional pelo seu trabalho. Aproveito esta oportunidade para agradecer publicamente aos meus pais por todos os sacrifícios que fizeram, por todo o apoio que sempre me deram e por me terem deixado voar", finalizou.