A partir de segunda-feira, dia 4 de novembro, o Agrupamento Escolas Carmen Miranda, em Marco de Canaveses, vai proibir o uso de telemóveis na escola, depois da medida ter sido aprovada em Conselho Pedagógico e Geral.
Em diversos estabelecimentos de ensino, em todo o país, tem sido debatido o uso de telemóveis na escola e a possibilidade de proibição. Neste sentido, o agrupamento decidiu implementar a medida com "caráter experimental".
António Ribeiro, diretor do Agrupamento de Escolas Carmen Miranda, explica que esta decisão foi tomada com base em três dimensões, entre elas o facto de impactar a socialização entre os alunos e a inércia do raciocínio, bem como pelo excessivo uso dos telemóveis em espaço escolar e a dependência dos dispositivos. Esta medida recebeu parecer favorável do Conselho Pedagógico e do Conselho Geral e, segundo o diretor, respeita as orientações da tutela.
Conheça as principais três causas que levaram a adoção desta medida:
i. As orientações emanadas da tutela que, desde logo, enformam a ação do Agrupamento de Escolas Carmen Miranda.
ii. As evidências científicas que, de forma cumulativa, vão sedimentando a distorção existente entre aprender e utilizar para outros fins este tipo de equipamentos, com forte impacto na inibição da socialização entre pares e no potenciar da inércia do raciocínio.
iii. A consciência, de certa forma alarmante, que temos no dia a dia um excessivo uso dos telemóveis em espaço escolar. É muito evidente o estado de dependência que as crianças e os jovens manifestam em relação a estes equipamentos, o que, obviamente, enquanto pedagogos, nos preocupa e nos remete para a procura de respostas concertadas com a comunidade e, em particular, com os pais e encarregados de educação.
A informação já chegou aos encarregados de educação e alunos, através dos diretores de turma e, até à data, não houve qualquer oposição, referiu António Ribeiro. "A medida foi comunicada com informação detalhada, em que, designadamente, se descreve o seu caráter experimental e toda a fundamentação que a sustenta. Não houve, até ao momento, qualquer reação, até porque os representantes dos pais e encarregados de educação, defendendo-a, votaram favoravelmente, por unanimidade, no Conselho Geral", foi explicado em declarações ao Jornal A VERDADE.
Com esta decisão, o agrupamento espera contribuir para "a maior socialização entre crianças e jovens em contexto escolar e, por aí, nos relacionamentos em geral; melhorar o processo de ensino e aprendizagem pela diminuição do tempo de uso destes equipamentos, esbatendo, tudo que de nefasto lhes está associado, conforme as conhecidas evidências científicas, como, entre outras, prejuízo sobre a capacidade de concentração, criação de situações de dependência, ansiedade e depressão ou falta de sono; diminuir o uso excessivo, desacompanhado, destes equipamentos por crianças e jovens e, bem assim, de redes sociais, que, ao verificar-se, comporta preocupações a que a educação não se deve alhear, associadas a comportamentos persecutórios, cyberbullying, a potencial visualização de conteúdos inapropriados ou, mesmo, a possíveis situações de violação da privacidade", foi explicado.