manuela reis
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Manuela Reis nasceu em Lourenço Marques, Moçambique, e com 11 anos veio para Portugal, onde se tornou professora de artes visuais.

De um “clima quente” africano, chegou à Serra da Estrela “extremamente fria”, mais tarde, passou por Tondela e acabou por se estabelecer na cidade do Porto. Atualmente, dá aulas há 23 anos na Escola de Toutosa, em Marco de Canaveses.

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Apesar da paixão inicial pela decoração, o curso não lhe permitia “trabalhar durante o dia e estudar à noite”, por isso, optou por design “que era um bocadinho mais abrangente”. Tirou um bacharelato em design e, mais tarde, licenciou-se em educação visual e tecnológica que lhe abriu portas para a escola.

O gosto pelas artes começou a ser semeado desde “pequenina”. Quando “fugiu” de Moçambique, devido ao caráter obrigatório da tropa, teve de repetir a quarta classe. Uma professora primária cultivou o seu gosto pelas artes, “queria que eu ilustrasse um livro que ela estava a escrever”, apesar de não se ter sucedido, ficou com aquele “bichinho do desenho”. 

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Contudo, a inspiração surge, sobretudo, do tio alentejano “super catita: Eu tinha um tio que também sabia desenhar muito bem, ele fazia de tudo um bocadinho e dávamo-nos muito bem. Era polícia, mas era muito querido, uma pessoa extremamente sensível”, recorda o familiar que “despertou a paixão pelas artes”.

No papel de professora deixa sempre aos alunos uma palavra de motivação: “procurem a vossa missão porque é tão bom estarmos vivos” e acredita que todos conseguem desenhar.

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“Eu acho que não tenho nenhum miúdo que passe por mim e não goste de desenhar, eu tento dar-lhes a volta, elucidá-los o porquê, eu nunca digo que está mal, eu digo que podem melhorar, eu indico-lhes o caminho. Detesto que me digam não sei ou não consigo, isso não se usa na minha sala, isso é desistir e eu detesto que se desista”, realça Manuela Reis.

Durante o seu percurso teve quem lhe despertasse o interesse pelas artes, hoje, enquanto professora, tenta fazer o mesmo. “Eu sempre gostei de pintar e desenhar, se alguém depois desperta em nós, melhor ainda, que é o que eu faço hoje em dia, eu tento despertar nos meus alunos paixão pelas artes, podem seguir ou não, mas que é bom e que é relaxante… e não digam que não sabem desenhar”.

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A criação de teares coloridos, a decoração para casamentos e batizados, o ateliê de vidro fusão, a pintura em azulejos e a escrita de manuais escolares são algumas das outras atividades que Manuela junta ao papel de professora. 

Para si a arte é “juntar os sentidos todos, o toque, o paladar, o olfato… tudo isso é arte” e acrescenta que a “solução é juntar os sentidos ao coração e à razão”.

Texto redigido com o apoio de Daniela Lenchyna.