Ao longo da vida, Manuel Barros, natural de Cête, concelho de Paredes, foi se apercebendo de dois gostos distintos. Por um lado, tinha o talento e a aptidão do pai para a música, por outro gostava da responsabilidade que era vestir uma farda. Mas quem disse que precisamos de ser apenas uma coisa? Se o pai de Manuel Barros optou por conciliar a música com a vida de eletricista, o filho foi mais 'arrojado' e dedicou-se à Banda de Música de Baltar, como maestro, e a uma carreira na PSP.
À semelhança do pai, também Manuel Barros considera que nasceu para a música, inclusive, num primeiro momento, decidiu seguir uma "carreira única e simplesmente ligada à música", mas num ramo específico. Aos 19 anos, voluntariou-se para o exército, prestou provas e acabou por ser colocado na Banda da Região Militar Norte, no Porto, onde permaneceu durante três anos. Ponderou concorrer ao curso de sargentos, mas a vaga existia apenas em Lisboa ou nas ilhas, motivo que o levou a optar por uma carreira diferente na PSP, onde permanece até hoje.

Começou por fazer parte da polícia no regime geral, mas também da Banda de Música da PSP do Porto, até que conciliar a carreira com o papel de maestro obrigou-o a optar pelos serviços administrativos para poder manter vivas "as duas paixões. Desta forma, permite-me ter as noites e os fins de semana livres para que me possa comprometer com a banda de música, a nível de ensaios e festividades".
Com um encanto pela música, o paredense foi investindo na sua formação, ao mesmo tempo que percorreu várias bandas de música. Tempos mais tarde, o seu nome surgiu em cima da mesa na Banda de Música de Baltar, que estava à procura de um novo maestro. Corria o ano de 2000, e as decisões eram tomadas em sede de reunião, segundo as características e qualidades que mais se adequavam a cada projeto. Foi assim que Manuel Barros recebeu o convite.

Fruto da experiência, o músico aceitou o convite e tornou-se no maestro da Banda de Música de Baltar até 2012, altura em que os seus objetivos divergiram com os da direção. Convicto, o paredense defende que "ninguém tem o direito de destruir uma associação e é preciso perceber quando já demos o suficiente à casa", reconheceu. Mas como se diz na gíria popular 'o bom filho a casa retorna' e, em meados de 2021, acabou por voltar para Baltar, onde iniciou uma nova era empenhado em reerguer a banda de música. "Com a ajuda de todos e da nomeação de um presidente foi possível mudar o rumo da banda".
Desde então que a principal aposta é feita na Escola de Música, porque, segundo o maestro, qualquer banda de música que pretenda "singrar no futuro" tem de "apostar numa escola de música própria, porque é aí que está o cerne da questão. Atualmente, temos uma escola com cerca de 25 alunos e a banda vive disto, retiramos da Escola de Música alguns alunos por ano para que daqui a meia dúzia de anos a banda deixe de depender tanto de gente de mais longe e comece a ter um efetivo mais próximo, o que vai levar a gastos menores e, acima de tudo, ficará assegurado o futuro".
Por enquanto, Manuel Barros pretende manter os cargos de maestro e na PSP e colocar a banda num patamar ainda maior.

