campanha violencia namoro gnrFoto: GNR
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Mais de 25% das mulheres, entre os 15 e os 49 anos, já sofreu violência por parte do seu parceiro ao longo da vida, segundo um estudo publicado na quarta-feira, dia 16 de fevereiro, pela revista Lancet com dados entre 2000 e 2018.

A violência sexual e/ou física já é frequente em faixas etárias mais jovens, uma vez que os dados revelam que 24% das mulheres entre 15 e 19 anos já sofreram violência pelo menos uma vez.

Apesar do estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) incluir dados até 2018 e não haver números sobre a incidência no período da pandemia de COVID-19, “as investigações demonstraram que a pandemia exacerbou os problemas que conduzem à violência pelo parceiro, como o isolamento, a depressão e a ansiedade e o consumo de álcool, para além de reduzir o acesso aos serviços de apoio”, disse Claudia Garcia, da OMS, autora principal do relatório.

O documento chama a atenção sobre os elevados níveis de violência contra as mulheres mais jovens, que Lymarie Sardinha, outra das autoras, classifica de “alarmante”, já que a adolescência e o início da idade adulta “são etapas importantes da vida nas quais se constroem as fundações para relações saudáveis”.

Por regiões, as estimativas indicam que África contava com a maior quantidade de mulheres vítimas de violência ao longo da sua vida (33%), seguindo-se a Oceânia (30%), Ásia (27%), América (25%) e Europa (20%).

“Estes resultados confirmam que a violência contra as mulheres por parte dos parceiros masculinos continua a ser uma questão de saúde pública mundial”, destacou Claudia Garcia, que alertou que os Governos não estão em condições de erradicá-la até 2030, como definido nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

As autoras pedem, também, que “se invista urgentemente em intervenções multissetoriais eficazes e que se reforce a resposta de saúde pública” para fazer frente ao problema após a pandemia.

Em Portugal, morreram 23 pessoas por violência doméstica em 2021, 16 mulheres, duas crianças e cinco homens. Os números representam uma quebra face a 2020, com menos nove vítimas mortais registadas devido a este crime.