A maioria dos estudantes do ensino superior da academia do Porto, inscritos em 2023/2024, ponderam emigrar após a conclusão do curso para países com maior nível salarial, como Reino Unido ou Suíça, segundo um estudo revelado esta sexta-feira, 7 de fevereiro.
O estudo do Centro de Estudos da Federação Académica do Porto (CEFAP), a que a Lusa teve hoje acesso, revela que os principais destinos para os quais os estudantes do ensino superior ponderam emigrar são o Reino Unido, Suíça, Países Baixos, Alemanha e Luxemburgo.
Para além disso, os dados recolhidos pelo CEFAP indicam que mais de 73% dos estudantes inscritos em instituições do Ensino Superior da academia do Porto, inscritos no ano letivo 2023/2024, “ponderam emigrar após a conclusão do ensino superior para países com maior nível salarial, resultando numa potencial perda líquida de 95 mil milhões de euros para o país”.
A amostra teve um total de 375 estudantes e tem uma margem de erro de 5%. A maioria dos inquiridos pertencem à chamada classe média.
Presidente da FAP: “Sangria de talento em Portugal terá um impacto muito negativo no país”
Com base no estudo do CEFAP, a FAP avisa que Portugal “pode ter uma perda orçamental líquida de cerca de 2,1 mil milhões de euros, por ano, com a emigração de jovens qualificados”. O presidente da FAP, Francisco Fernandes, sublinha que “estes dados, que confirmam a tendência” e não tem dúvidas de que “a sangria de talento em Portugal terá um impacto muito negativo no país e na economia, quer pela quantidade total de potenciais saídas, quer pela duração da ausência do país”.
O estudo conclui que 36% dos estudantes aponta para uma saída de médio prazo, ou seja, entre cinco a 10 anos, e quase 30% esperam emigrar por um longo período de tempo, ou seja, de mais de dez anos. Apenas 33% pretendem sair por um curto período de tempo, equivalente a menos de cinco anos.
As principais razões dos estudantes para emigrarem são a busca por “melhoria dos níveis salariais e de outras condições de vida”, bem como a “possibilidade de encontrar melhores oportunidades profissionais e de carreira”.
A FAP alerta, ainda, para o impacto que se fará notar a nível demográfico, com o envelhecimento da população, “que acentuará o impacto negativo nos domínios da inovação e do empreendedorismo e poderá levantar problemas adicionais à sustentabilidade da Segurança Social”, acrescenta.
Entre o total de inquiridos, 72% são do sexo feminino e 26% do sexo masculino, 77% são estudantes, 18% trabalhador-estudante, 4% trabalhadores e 1% desempregados.