alejandro martins idaes
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Nunca foi um “excelente aluno”, mas o “orgulho” por ver o esforço refletido nos testes e nas notas foram a motivação de Alejandro Martins, um dos melhores alunos do 12.º ano da Escola Básica e Secundária de Idães, em Felgueiras, no último ano letivo.

O jovem estudante de 18 anos terminou o curso de ciências e tecnologias com uma média final de 20 valores e prepara-se para iniciar a licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, na FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. “Foi a minha primeira opção, mas entrei no secundário sem saber o que queria fazer. Por um lado foi bom, porque assim não tinha um objetivo específico e não tinha pressão. Fiz os exames todos e independentemente do curso que fosse conseguia entrar”.

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Quanto ao curso que se avizinha confessa estar “muito ansioso e um bocadinho nervoso”, uma vez que se trata de uma “experiência nova. Vou estar sozinho, porque da minha turma não vai ninguém para lá, mas a minha motivação agora é deixar a minha mãe orgulhosa. Mesmo não estando aqui vai continuar a ser a minha motivação”, garante Alejandro Martins.

Apesar de não “gostar muito de estudar”, diz timidamente, foi aprendendo a ver a escola de uma perspetiva “diferente. Eu pensava que as notas eram como um salário ao final do mês, saber que tirei aquelas notas depois no final de cada período, era um orgulho para mim. Não gostava muito da escola, mas queria sentir-me orgulhoso de mim próprio e só comecei a ter melhores notas a partir do 7.º ano”, recorda.

A vida e a aprendizagem de Alejandro foi dividida entre Portugal e Espanha. Filho de pai português e mãe espanhola, nasceu e viveu no país vizinho até aos dois anos, mas a partir daí foi andando “cá e lá”, mas sente-se “mais português. Na primária não era muito bom aluno, no 5.º ano tinha negativas a quase tudo. Entretanto fui viver para Espanha, durante dois anos, e comecei a melhorar. Quando cheguei lá comecei a ver que os alunos estavam muito mais avançados nas matérias e sentia-me muito atrasado em relação a eles. A partir daí comecei a estudar um pouco mais e a sentir o gosto por ver o meu esforço refletido nos testes. Voltei para Portugal no 7.º ano”.

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Já no final do percurso do ensino secundário e na preparação para a entrada na faculdade, Alejandro perdeu “a motivação” com a morte da mãe. “Os exames baixaram bastante a nota, porque a minha mãe faleceu no dia do exame de física e química. Ia fazer melhoria, sabia que o curso que ia escolher na faculdade era aquele, mas tive de ir para o hospital e depois fazer o exame. Já no dia do exame de matemática foi o funeral, então não consegui tirar notas muito boas. Perdi a motivação, mas fui fazer mesmo sabendo que não ia tirar melhor nota. não estava com cabeça para os exames, mas tentei. Eu lia as perguntas e não conseguia perceber. A minha mãe estava no hospital e diziam que ia falecer, estava sempre a pensar ‘será que vou chegar a tempo ao hospital para a ver?’. Lembro-me que estava mais focado em acabar o exame para ir ver a minha mãe e fiz a maior parte dos exercícios sem saber. Não estava focado no exame, queria era acabar o mais rápido possível”, recorda o jovem.

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Apesar das adversidades, Alejandro conseguiu ser um dos melhores alunos do 12.º anos da escola, no último ano letivo e prepara-se para dar início ao sonho da faculdades. No final, pondera “tentar tirar um curso relacionado com o desenho, que é um dos meus hobbies. Eu sempre quis seguir artes, mas disseram-me que não tinha muitas saídas e optei por ciências e tecnologias, diziam que tinha um grande leque de oportunidades”. Mas garante, “a arte vai continuar sempre no meu coração. Não escolhi esta vertente, mas vou tentar”.

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Como conselho a quem inicia este ano letivo o ensino secundário diz prontamente: “é dar o melhor. É importante haver equilíbrio, sim, evitar o stress e deve existir competição na turma, desde que seja saudável. Para além disso, temos de orgulhar a nossa família e a nós próprios”.