Este domingo, dia 28 de maio, realizam-se as Novenas a Santa Quitéria, em Felgueiras, uma iniciativa que se enquadra na I Romaria em honra de Santa Quitéria.
Trata-se de uma tradição com muitos anos de história e que Lucinda Pinheiro, natural de Vila Cova da Lixa, cumpre "há cerca de 10 anos. Já cumpri outras, quando era criança, porque fui novena a ajudar os outros. Ia com a minha mãe, cheguei a ir com algumas vizinhas que pediam e tinham promessas. Era pequena e não entendia bem o motivo, mas hoje entendo muito bem", recorda.
Em entrevista ao Jornal A VERDADE, a felgueirense de 59 anos conta a história de Santa Quitéria e, como nos diz, "termos muita fé é o ponto principal. Foi através dessa mesma fé que Santa Quitéria viveu. Segundo contam ela era para ter morrido no nascimento, era uma menina com nove irmãs do mesmo parto. Na altura o pai não aceitou muito bem, mas ela é filha de uma mãe de uma fé muito grande, qeu conseguiu protegê-las e pedir a alguém que a ajudasse. Neste caso foi uma empregada que tinha que a as salvou", explica.
Lucinda Pinheiro recorda ainda que Santa Quitéria foi, também, "reconhecida pela fé inabalável de outra mulher que estava com cancro. Naquele tempo, era algo que quase não se falava. A senhora era de Braga e alguém lhe indicou a Santa Quitéria. A senhora deslocou-se a Felgueiras, ao monte mais precisamente, e com a fé que teve o cancro foi curado. Partimos do principio que é preciso ter uma fé muito grande e acreditar".
Uma fé e um acreditar que deram origem à conhecida tradição das Novenas, conhecida por ser cumprida por crianças, "embora hoje já estão a querer ultrapassar essa barreira e a pôr mais adultos, mas a tradição é crianças", diz a felgueirense.
Este ano, Lucinda Pinheiro vai acompanhar duas novenas. "São nove meninas em cada grupo, porque vem da tradição da Santa Quitéria, por ter sido um parto de nove meninas". O percurso começa em Figueiró e "quase três horas depois" termina em frente à Câmara Municipal de Felgueiras. "Lá juntamo-nos todas. As meninas são pequeninas e vão lá ter".
Já no Monte de Santa Quitéria, a tradição mantém-se. "As crianças estão vestidas de branco, símbolo de pureza. E meninas porque simbolizam a virgindade. Santa Quitéria foi uma menina que morreu muito novinha e era virgem. Quando as crianças não vão todas vestidas de branco, há o costume de as amortalhar, ou seja, cobri-las com um véu em tule antes de partir para o destino final", explica.
Na chegada, as novenas oferecem algo, "simbolicamente", à Santa Quitéria, "geralmente flores. Depositamo-la junto ao andor e depois há uma missa campal aberta à comunidade. São muitos os devotos que nesse dia lá estão".
As tradições vão mudando, e algumas até são esquecidas, mas as Novenas mantêm-se e que deixam Lucinda Pinheiro "impressionada. O ano passado penso que havia 25 ou 27 novenas. Acho que a câmara está a fazer bem em manter viva a tradição".
Esta crente deixa o convite "a todas as pessoas que possam subir à encosta e ver o quanto é bonita a fé que ainda move muita gente nesta tradição. Vale a pena ir lá naquele dia", garante. No seu caso, diz ter-se "apegado" à Santa Quitéria que "sempre" a ajudou.