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Lordcais perdeu a "vergonha" e colocou o "Foco no Foco" no palco do Festival VILA

Redação

Estava numa aula de geografia, no 10.º ano, quando lhe surgiu um nome "sem grande mistério" enquanto "juntava várias letras no caderno". Dali nasceu o artista Lordcais que despertou para a música "por volta dos oito anos", por influência de um primo que vivia em Vila Nova de Gaia.

Filho de pai baterista, Francisco Borges recorda as "férias grandes" que passava a "rimar" e que lhe deram "traquejo para depois saber o que era ritmo". A escrita das próprias letras veio mais tarde, a partir do 7,º ano, mas "não mostrava a ninguém, apenas gostava de tentar fazer alguma coisa".

As inspirações eram várias, mas "a primeira coisa" que ouviu "é capaz de ter sido Boss AC". Aliás, foi o primeiro concerto que foi ver, a "melhor prenda de anos até hoje, devia de ter uns nove anos, porque despertou mais interesse ainda pelo hip-hop", garante o lousadense de 26 anos.

Mais tarde, juntamente com o amigo Castor começou a fazer Drum and Bass, mas com 18 anos regressou às origens - "sempre foi aquilo que eu gostei (hip-hop). Se calhar a timidez não me permitiu fazer mais cedo. Comecei a perder a vergonha quando vi colegas meus a arriscar. Eu era DJ, de Drum and Bass e eu tinha uns colegas que faziam Hip-Hop em Lousada. Eles estavam a começar e eu já tinha algumas noções musicais. Tínhamos todos 15 ou 16 anos e foram eles (Pedro Teixeira, Rui Preto Moreira, Ricardo Surika) que me incentivaram muito. Por ajudá-los, também ganhei força para mim e pensei 'agora que já alguém faz, já não tenho tanta vergonha de começar a fazer'. Foi acontecendo naturalmente", recorda Lordcais.

O trabalho deu frutos, com o lançamento de vários singles - "Hype", "Não liga" e "Siga" - e, mais recentemente do primeiro EP "Foco no Foco". Com cinco músicas, o projeto foi lançado há um mês e antecedeu a estreia do lousadense no palco do Festival VILA.

Foi bom procurarem-me, é sinal que as pessoas gostam e valorizam o trabalho

Foi "fixe e desafiante", porque era um momento já "ambicionado" por Lordcais. "Foi bom procurarem-me, é sinal que as pessoas gostam e valorizam o trabalho. Só tenho a agradecer ao festival e à Câmara Municipal de Lousada pela oportunidade".

"Uma dor de cabeça boa" e "desafiante" assim foi a preparação para a primeira atuação numa "grande plataforma" que "exigia outro tipo de tratamento. Não era só eu que ia atuar, então precisava de um DJ, um técnico de som e um bom reportório bom para atuar. No dia senti esse à vontade que foi trabalhado pelos menos durante três meses, para ter algo em condições para apresentar às pessoas".

Para o jovem lousadense, eventos com o Festival VILA são "um passo em frente" e uma "montra para chegar a mais gente. Temos de ter calma, principalmente, no mundo da música. O problema, talvez de muita gente, e já foi o meu, é as pessoas quererem tudo muito rápido. E quando é tudo muito rápido, também rapidamente a coisa deixa de existir. Ou seja, se formos consistente e focados as coisas acabam por acontecer naturalmente".

Lordcais gosta de "experimentar um pouco de tudo" e fazer "coisas diferentes. Nós começamos com Hip-hop da rua, da letra e do significado. Agora consigo fazer algo com mais significado para mim, mas também algo que seja mais para as pessoas apenas ouvirem a música e o instrumental. Eu vejo a música como arte e nunca digo que faço só Hip-Hop. Eu gosto de fazer música".

"Eu quero viver da música"

Nascer num determinado local, "já não condiciona" o futuro musical, pelo menos "hoje em dia", acredita Francisco Borges. "Antes de conhecer o Hip-Hop já tinha uma coisa muito musical dentro de mim, por causa do meu pai e que me despertou esse gosto. Para além disso, frequentei o conservatório, do primeiro ao quinto grau (5.º ao 9.º ano). Estudei com grandes músicos de Lousada, como o Zé Afonso, do "Sambinha do Zé". Por isso, não acho que Lousada me tenha condicionado os gostos musicais que hoje em dia tenho".

Lordcais sonha fazer da música profissão, mas "infelizmente a música ainda não dá o dinheiro suficiente" para cumprir essa vontade. "Claro que quero que a música seja a minha principal fonte de rendimento. Ainda não é, mas já é possível fazer coisas diferentes", garante o jovem.

É "complicado" conciliar a música com a atividade profissional, mas o jovem lousadense admite que será preciso "trabalhar muito" para um dia conseguir o grande objetivo. "Sou a pessoa que mais acredita em mim, quem me conhece sabe que acabo por ser um bocado convencido nesse aspeto. Mas acho que vem tudo do trabalho, se eu não fizer por isso, não vai acontecer. Tem de haver, sobretudo, gosto e, depois, ter foco", conclui o artista.